A Rainha do Rock

A música pode servir para várias coisas: distração, entretenimento, dinheiro… Mas o que pouca gente percebe é que a música também pode ser uma grande fonte de inspiração. Às vezes menos pelo conteúdo das letras das canções, e mais pela história de vida por trás dela. Nesse quesito, no cenário do rock mundial, nenhum nome é mais inspirador do que Tina Turner.

Tina Turner

Tina Turner

Nascida Ana Mae Bullock, Tina Turner foi criada no interior do Tennessee. Membro do coral batista, a pequena Ana desde cedo descobriu que era na música que tentaria a vida. Mas a vida tinha outros planos pra ela.

Rejeitada pela mãe, Tina saiu de casa e foi morar com a avó. Aos 14 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica para conseguir o seu sustento. Depois de muito rodar e trabalhar até como enfermeira, a música voltou a assoviar no seu ouvido. A então adolescente Ana Mae começou a visitar clubes noturnos de St. Louis com sua irmã, em busca de algum lugar onde pudesse cantar. Numa dessas boates, o Club Manhattan, Tina conheceu um sujeito que já fazia muito sucesso. O nome dele era Ike Turner.

Encantada pelo talento de Ike, Tina logo se ofereceu para participar como backing vocal da banda. Com o tempo, Ike logo descobriu que a parte de trás do palco não era o lugar mais apropriado para Tina. Após escrever uma canção chamada Fool in love, Ike fez um dueto com a nova cantora. Como esperado, a música fez um estrondoso sucesso.

Uma vez na ribalta, Ike viu logo que Ana Mae Bullock não era propriamente o nome mais comercial do mundo. Resolveu-lhe dar o nome de Tina, uma referência meio tosca a Sheena, a Rainha da Selva. Como esperado, a dupla não ficou só nos palcos. Pouco tempo depois eles se casaram e a cantora adotou o sobrenome do marido, tornando-se Tina Turner.

Formando uma imbatível dupla de R&B, Ike e Tina Turner emplacaram sucesso atrás de sucesso nas paradas. It’s gonna work out fine e I idolize you são dessa época.

Mas nem tudo eram flores na casa dos Turners. Em silêncio, Tina sofria abuso atrás de abuso do marido, um machista da pior espécie. Fosse o Brasil de hoje, Ike facilmente seria enquadrado na Maria da Penha, tal era o sofrimento que impunha à sua mulher.

Depois de longo e desgastante divórcio, Tina saiu dos palcos e ficou numa espécie de auto-clausura. Foram mais de 5 anos até que ela reencontrasse na música a alegria de viver e resolvesse seguir a carreira solo. Foi quando ela lançou o álbum Private Dancer.

O disco foi um sucesso imediato. Além da canção-título, What’s love got do with it e uma incrível regravação de Let’s stay together, de Al Green, davam ao álbum uma qualidade musical de altíssima combustão.

Como todo bom ex-marido mala sem alça, Ike – já na ostracismo – ficou com inveja do sucesso da ex-mulher e, para aperrear o seu juízo, entrou com uma ação judicial para impedir Tina de usar seu sobrenome como nome artístico. Felizmente, nesse caso a Justiça foi feita, e Ana Mae Bullock continuou a se chamar Tina Turner.

Depois do retorno com Private Dancer, Tina emendou um álbum de sucesso no outro. Com uma profusão de talento raramente vista na cena musical, a cantora emplacou hit atrás de hit, colecionando fama, dinheiro e grammys. É o caso, por exemplo, de Typical Male e de Two people.

No auge do sucesso, Tina ainda foi chamada para fazer a trilha sonora e atuar como atriz em Mad Max: Além da cúpula do trovão. Embora seu desempenho na telona não tenha sido lá grande coisa, a música-título do filme foi um sucesso sem paralelo, numa década que ficaria marcada pelas poderosas trilhas sonoras:

Restava, então, apenas a consagração definitiva da mídia. E ela veio com a música mais apropriada para a ocasião: Simply the best.

Depois disso, o mundo se rendeu definitivamente ao talento de Tina Turner. Figurinha carimbada do Grammy e até de comerciais de refrigerante, Tina alcançou um nível de projeção mundial com o qual Ike jamais pôde sonhar.

Para além dos vários sucessos, fica acima de tudo o exemplo de Tina Turner para o mundo. Com garra e determinação, uma menina negra, pobre, doméstica e oprimida pelo marido pode vencer na vida. Basta acreditar.

Esse post foi publicado em Música e marcado , , , . Guardar link permanente.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.