E como estamos em época de vacinação contra a gripe, vale a pena recordar um post do começo da década passada, quando o negacionismo científico ficava restrito somente à chegada do homem à Lua.
É o que você vai entender, lendo.
A vacina contra gripe para idosos
Publicado originalmente em 26.11.12
Quem acompanhou o noticiário nos últimos dias viu que o escrito Luís Fernando Veríssimo foi internado em estado grave em um hospital no Rio Grande do Sul. Para espanto da maioria, a causa da internação foi a piora no quadro de uma simples gripe. Com 76 anos, Veríssimo foi derrubado pelo vírus influenza, mas, graças a Deus, recupera-se bem. Com alguma sorte, nos próximos dias deverá deixar o hospital bem e com saúde.
A notícia da internação de Veríssimo dá-me o mote para tratar de um tema normalmente negligenciado por boa parte das pessoas: a vacinação contra a gripe para idosos.
Todos os anos, especialmente quando se aproxima o período de inverno no Sul do país, os governos em todos os níveis promovem campanhas de vacinação contra a gripe. O alvo preferencial são os idosos, as crianças e as gestantes.
Por que tanta atenção contra uma doença com a qual convivemos por quase a toda a vida sem qualquer intercorrência?
Primeiro, pela letalidade. Pouca gente sabe, mas a maior causa de doenças e morte entre idosos é justamente a gripe. A razão disso é simples. Quanto maior a idade, menor é a eficácia da resposta do organismo à infecção pelo vírus influenza. Pra piorar, a doença diminui em quase 95% a imunidade de um indivíduo saudável. Se as armas contra os agentes externos já não é lá um Brastemp quando se passa dos 60 anos, maior é o risco quando mesmo essa capacidade é reduzida por causa da gripe.
Em segundo lugar, intimamente ligado à primeira razão, está o fato de que o governo gasta muito menos dinheiro vacinando a população do que tendo de cuidar dela nos leitos de hospital. Como todo médico e profissional de saúde gosta de repetir, prevenir é muito, mas muito melhor que remediar.
No caso de idosos, há ainda de se ressaltar a teimosia como fator agravante das doenças. Como o idoso normalmente é refratário quanto a dirigir-se a médicos, o quadro que se inicia com febre, dores de cabeça e catarro, tende somente a piorar, levando, por exemplo, a complicações graves, como pneumonia e doenças cardiovasculares. E, quando isso acontece, é mais difícil reverter o quadro na internação.
É fato, no entanto, que a vacinação não implica prevenção total contra o vírus da gripe. Para nossa infelicidade, o influenza é um dos vírus mais mutantes que existe. Como a vacina é produzida com base em uma cepa de determinada espécie de vírus, é possível que mesmo pessoas vacinadas fiquem doentes.
Mesmo assim, a vacinação faz sentido. Em que pese a possibilidade de contágio pela gripe, o sujeito vacinado terá uma resposta do sistema imunológico melhor do que quem não recebeu a vacina. Por isso, não deixe de levar os seus velhinhos para vacinar, de maneira que eles continuem ainda por muito tempo ao seu lado e com saúde.