8 anos Dando a cara a tapa – Semana Especial de Aniversário: O Brasil em 2019

Na sequência da semana especial de aniversário do Blog, é hora de saber o que será do Brasil neste ano de 2019.

Não se trata, é fato, de um ano comum. Afinal, acabamos de sair de uma eleição presidencial, talvez a mais turbulenta da nossa história, na qual inclusive houve a tentativa de assassinato de um dos concorrentes (e que acabou se elegendo). Se isso já seria motivo suficiente por si só para engrossar o caldo, a coisa fica ainda mais feia quando se sabe que o vencedor foi Jair Bolsonaro e que os derrotados foram Fernando Haddad e o PT.

Reza a tradição política que o presidente recém-empossado tem um “período de graça”, os famosos “100 primeiros dias” de Governo para flanar impune pelo noticiário sem que a oposição ou a imprensa lhe peguem no pé. Bolsonaro, contudo, não teve esse refresco. Não só porque joga uma estratégia de confronto com os grandes veículos da mídia, acreditando que as interações diretas nas redes sociais podem minar a influência deles no grande público, mas também porque os rolos de seu ex-motorista e de seu filho primogênito insistem em ocupar as manchetes dos jornais.

Aliás, a incapacidade do Governo de lidar com uma denúncia tão banal (uma suposta rachadinha cometida por Flávio Bolsonaro com seus assessores) dá a exata dimensão das dificuldades que virão pela frente. Imagine só quando (e se) aparecer um escândalo do tipo “Mensalão”. Lula se salvou porque, entre outras coisas, manteve os canais abertos com a mídia e com o Congresso. Como o Governo sairá das cordas numa situação semelhante?

O grande problema por trás de tudo isso é que, até o momento, não se sabe o que será do Governo Bolsonaro. Não houve a apresentação de um plano de governo. Não houve debates durante a campanha. O período de transição foi inteiramente gasto em intrigas e notinhas de jornal para, ao final, parir um documento que nem sequer relaciona a suposta prioridade nº.1 do Governo: a reforma da Previdência. Como se tudo isso não bastasse, não há sequer sombra de uma articulação política que dê sustentação a um Presidente que se pretende reformista, risco agravado pelo fato de que os dois favoritos a liderar as casas do Congresso nunca foram simpáticos ao ex-capitão do Exército (Rodrigo Maia e Renan Calheiros). Tudo isso torna no mínimo duvidosa a travessia deste ano.

Para além dos problemas políticos, Bolsonaro se defronta com um cenário econômico delicado. É certo que não estamos mais à beira do despenhadeiro, como estávamos quando Dilma Rousseff sofreu impeachment. Mesmo assim, estamos longe de navegar em mares tranquilos. A emenda do teto de gastos conseguiu comprar uma “moratória” do mercado, mas esta é uma solução de fôlego curto. De maneira vegetativa, o teto será naturalmente estourado em 2020, quem sabe ainda em 2109. Ou seja: mesmo que não se aumente um só centavo nos gastos discricionários, os gastos obrigatórios podem nos fazer furar o teto em um futuro bem próximo. O que nos faz retornar ao ponto inicial: sem uma reforma profunda do Estado, toda a calmaria que reina nos mercados pode ir para o beleléu.

A grande questão, portanto, é saber se um político que se vendeu na campanha como “não-político”, que montou um ministério passando por cima dos partidos com representação no Congresso, com uma equipe econômica avessa a negociações paroquiais e um Ministro da Justiça que fez fama combatendo políticos corruptos será capaz de fazer com que deputados e senadores concordem em votar reformas que nem Fernando Henrique Cardoso nem muito menos Lula foram capazes de aprovar, mesmo no auge de suas popularidades.

É possível? Sem dúvida.

Mas, a julgar pelo que ensina a História, é muito, mas muito difícil que ocorra…

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