As projeções para a eleição presidencial de 2014, ou Vai ter segundo turno?

Depois de ter escrito sobre as pesquisas eleitorais, é hora de compartilhar convosco minhas impressões sobre o cenário que se desenha para as próximas eleições presidenciais, em outubro deste ano.

Entra pesquisa, sai pesquisa, todo mundo fica ansioso para saber o que dirão as urnas. No entanto, antes de saber quem efetivamente será sufragado presidente em 2014, é necessário previamente responder a uma pergunta fundamental: haverá ou não haverá segundo turno?

Essa é a famosa pergunta de 1 milhão de dólares (e, no caso da Bolsa, a pergunta é muito mais do que um artifício retórico). Saber se a eleição será decidida em turno único ou em duas rodadas muda completamente o prospecto dos principais contendedores ao cargo.

Por óbvio, a possibilidade de resolução eleitoral em tiro único favorece apenas uma candidata: Dilma Roussef. Não passa pela cabeça de ninguém, nem mesmo pelo mais empedernido anti-petista, a possibilidade de que ou Aécio Neves ou Eduardo Campos possam vir a ser eleitos no primeiro turno.

Para a maior parte dos analistas e das pesquisas eleitorais, o cenário mais provável é a vitória de Dilma no primeiro turno. Contam a favor dessa conclusão o fator inercial – tendente a manter quem está no poder -, o enorme tempo de propaganda na TV (12 minutos) e o apoio do maior cabo-eleitoral dos últimos anos: Lula. Entretanto, muita coisa depõe contra essa tendência.

Em primeiro lugar, a presidente enfrenta um viés de baixa nas pesquisas. Não que a perda de pontos seja irreversível, mas o eleitorado em geral não é muito dado a variações de tendência. É dizer: quando se cristaliza um movimento – para cima ou para baixo – é quase impossível mudar a direção da onda. Quando muito, consegue-se atenuar os seus movimentos. E é com essa carta que jogam os petistas: tentar estancar a queda de Dilma nas pesquisas para garantir a vitória no primeiro turno.

Em segundo lugar, o retrospecto histórico sugere fortemente a realização do segundo turno. Das seis eleições presidenciais pós-redemocratização, apenas duas foram resolvidas no primeiro turno: 1994 e 1998. Na primeira, a eleição foi esterilizada com o Plano Real, que desequilibrou a disputa. Na segunda, Fernando Henrique foi reeleito em meio a um país em crise, sob a chantagem de que as conquistas do Real se perderiam caso ele fosse mandado pra casa. As circunstâncias excepcionais que marcaram os dois pleitos permitem a conclusão de que ambas são a exceção que confirma a regra: disputa presidencial só se resolve no segundo turno.

Para confirmar essa conclusão, basta olhar as três últimas disputas. Em 2002, Lula precisou de dois turnos para vencer José Serra, que arrostava 8 anos de Fernando Henrique nas costas. Em 2006, mesmo com a economia crescendo e estando no cargo, Lula precisou de duas rodadas para bater Geraldo Alckmin, um candidato tão sem carisma que era apelidado de “picolé de chuchu”.

2010 não foi diferente. Naquela ocasião, Lula ostentava índices de popularidade acima de 90%. A economia crescia a 7,5% a.a. E Dilma era conhecida como “a mãe do PAC”, um então promissor programa de governo. Do outro lado, havia um envelhecido José Serra, um candidato que exibia índices de rejeição na casa dos 40%. Mesmo assim, Dilma precisou de dois turnos para vencê-lo.

Considerando-se especialmente a última eleição, ao contrário do que sugerem as pesquisas, parece evidente que a eleição de 2014 caminha para ser resolvida em dois turnos. Além do desgaste natural de 12 anos de governo petista, Dilma vai enfrentar uma economia claudicante e dois adversários que, ao contrário de José Serra, exibem baixíssimos índices de rejeição. Pior. Ambos são praticamente desconhecidos pelo eleitorado, o que indica grande espaço para crescimento nas pesquisas.

Agora, o que vai acontecer no segundo turno, nem Nostradamus seria capaz de prever.

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