Ontem, o melhor jogador de futebol da atualidade, Lionel Messi, quebrou mais um recorde em sua carreira. Agora, é o maior artilheiro da história do Barcelona.
Aos 24 anos, num clube que contou durante toda sua história com craques como Cruyff, Romário, Evaristo de Macedo, e até mesmo seu conterrâneo Maradona, convenhamos, não é pouca coisa.
Messi atingiu o novo recorde após fazer algo que, nos últimos tempos, virou rotina de tão comum: fez 3 gols e acabou com o jogo.
Toda vez que Messi apronta das suas e estarrece o mundo com sua habilidade e técnica, surge a questão: ele é (ou será) maior do que Pelé?
Ao que respondo: não, não é. E, com quase toda certeza, nunca será.
E digo mais (o que para alguns parecerá heresia): Messi ainda não é sequer maior do que Maradona, o maior ídolo do futebol argentino.
Não, não é saudosismo, até porque quando eu nasci Pelé já se aposentara e, quando comecei a me interessar por futebol, Maradona já não estava mais no auge da carreira.
A questão é a seguinte: Messi é craque, ninguém discute. Faz mil peripécias com a bola. Mas é, por assim dizer, limitado à sua perna esquerda. Os dribles, as finalizações, a condução da bola, tudo gira em torno de sua perna esquerda. Nesse aspecto, Messi se equivale literalmente a Maradona, ou seja, seu jogo era “torto” para um lado.
Além disso, a cabeça não é lá muito usada – como recurso futebolístico, que fique claro. São poucos ou mesmo desconhecidos os gols que Messi tenha feito de cabeça. Maradona, por sua vez, até teria feito um gol com a cabeça contra a Inglaterra, se a mão não tivesse alcançado a bola antes.
Já Pelé, não. Pelé chutava com os dois pés, driblava com ambos e cabeceava como poucos. Todo o corpo era utilizado para desenvolver seu futebol, desde o peito para amparar de forma macia a bola que chegava torta, até o cotovelo, para desferir um golpe contra um oponente uruguaio.
É por isso que Pelé é único. Em todos – repetindo: TODOS – os fundamentos, Pelé alcançava níveis de excelência absurdos. Pode ser que houvesse alguém que driblasse melhor (Garrincha), alguém que cabeceasse melhor (Dadá Maravilha) e alguém mais mortal dentro da pequena área (Romário), mas se todos estes eram, digamos, 100% nas suas especialidades, Pelé era 95% em todas elas. É por isso, e não pelos 1.284 gols e pelas três Copas do Mundo que Pelé é e sempre será maior do que Messi.
Além disso, Messi carrega consigo um estigma. Merecido ou imerecido, o fato é que jamais conseguiu conduzir o time da Argentina a um grande título. Ao contrário de Maradona que, sozinho, conduziu um time mediano a um título mundial (Argentina em 1986) e um time horroroso a um vice na copa seguinte (Argentina em 1990), Messi não não consegue carregar o atual time da Argentina nas costas. Talvez por isso, boa parte da torcida argentina olhe de esguelha para o pequeno notável, pensando que sua ida precoce à Espanha teria feito com que perdesse a identidade com sua pátria natal.
Isso faz com que Messi deixe de ser o maior craque da atualidade? Não. Mas daí a considerá-lo o maior de todos os tempos, vai uma grande distância.
Pelé continuará sendo, provavelmente para todo o sempre, o maior futebolista da história.
E quem haverá de discordar?