De onde viemos? Para onde vamos? Será que lá tem Internet?
Essas questões fundamentais assombram a humanidade desde que o mundo é mundo. Desde que o primeiro ser humano teve a curiosidade de olhar para cima e enxergar aqueles pequenos pontos brilhantes do céu noturno, a pergunta sobre something out there vaga inquieta pela nossa mente. À medida que a ciência evoluiu o suficiente para que pudéssemos, de fato, perscrutar o que existe fora da Terra, algumas dúvidas acabaram sendo dirimidas, mas as perguntas fundamentais continuam do mesmo tamanho.
Hoje, sabemos com razoável grau de certeza que – salvo a própria Terra – não existe vida inteligente no sistema solar. Embora parte dos seres humanos siga continuamente tentando derrubar o conceito de “vida inteligente” no nosso planeta, fato é que “civilização” – isto é, um agrupamento coordenado e coerente de seres vivos, capazes de mudar o ambiente à sua volta – só existe por aqui mesmo. Em que pese buscas ainda não terminadas por “vida” em Marte ou em alguma das luas de Júpiter ou de Saturno, nenhum cientista, em sã consciência, espera encontrar algo parecido com o que existe aqui neste pálido ponto azul do espaço.
Mas pode haver vida inteligente fora do sistema solar?
“Poder” pode tudo, diria com uma ponta de ironia Graciliano Ramos. Mesmo assim, é difícil conceber que civilizações, tais quais as conhecemos, existam por aí aos montes espalhados pelo universo. Pelo contrário. Há razoáveis evidências de que não só esse tipo de “vida” seja raro, como, no limite, ele pode nem sequer existir.
Deixemos de lado, por ora, a análise quanto ao surgimento da própria vida em si mesma. Apesar de não haver qualquer fundamento científico a amparar o famoso “argumento probabilístico” para sustentar essa hipótese (para saber mais, clique aqui), vamos admitir que, havendo tantos trilhões de planetas por aí, seja de fato improvável que a vida só tenha encontrado lugar por aqui mesmo. Quais seriam as chances de a vida unicelular evoluir até uma civilização igual ou semelhante à humana?
Do ponto de vista geológico, a civilização humana é uma bebê recém nascida em seu Planeta-Mãe. Considerando que a Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos de idade, o que podemos chamar de “civilização” tem, na hipótese mais condescendente, algo como 10 mil anos (desde o aparecimento da escrita). Tomando como parâmetro o surgimento da vida unicelular em algo como 3,5 bilhões de anos, podemos afirmar, desde logo, que uma civilização demora muito, mas muuuuiiiittttoooo mesmo, até se estabelecer como tal.
Tendo em vista isso, e considerando a própria idade do Universo (13,7 bilhões de anos), está longe de ser uma “certeza matemática” que outras civilizações possam existir por aí. Na verdade, a “hipótese probabilística”, nesse caso, dita o exato oposto do que determina “senso comum” sobre essa matéria. Enquanto a maioria das pessoas pensa que a mera existência de trilhões de planetas é suficiente para amparar a idéia de vida igual à humana fora da Terra, no fundo – para quem não acredita em Deus – a sucessão de acasos que permitiu o surgimento de vida inteligente no terceiro planeta do sistema solar é algo realmente impressionante.
Para além do fato de Terra apresentar características únicas que permitem a vida por aqui (para saber mais, clique aqui), mesmo todas essas condições reunidas poderiam dar em nada se, por exemplo, a vida não tivesse conseguido sobreviver à extinção do Permiano-Triássico. Ou, ainda, se um meteoro não tivesse se chocado contra o planeta e extinguido os lagartos gigantes que o habitavam, permitindo que os então minúsculos mamíferos pudessem crescer e se desenvolver, até eventualmente atingirem o estágio do homo sapiens. E olha que isso nem considera a hipótese mais macabra e, infelizmente, provável: a de que a própria civilização, pela guerra ou pela peste, venha a pôr termo a si mesma.
Se retirássemos de cena, ou mesmo apenas mudássemos a sequência cronológica, de qualquer desses eventos que marcaram a história geológica da Terra, a civilização tal qual a conhecemos dificilmente existiria, ou, pelo menos, não existiria da forma com a qual a conhecemos hoje. A chance, portanto, de desenvolvimento da vida unicelular até uma forma de vida capaz de ter consciência sobre o ambiente que a cerca e – mais que isso – ter a habilidade de alterá-la, é muito, mas muito menor do que parece.
E antes que alguém venha a acusar este que vos escreve de ignorância ou “carolice”, aqui vai um vídeo do insuspeito físico Brian Cox. Sendo ele mesmo um defensor da “hipótese probabilística”, Cox admite ser bastante plausível que sejamos a única – a ÚNICA – civilização na Via Láctea. Pior. Se de fato houver civilizações espalhadas por aí, elas não devem passar de mais de uma ou duas por galáxia – por GALÁXIA.
Antes, portanto, de descartar como absurda a hipótese de que estejamos realmente a sós no Universo, convém a todo e qualquer cientista digno do nome confrontar as próprias “certezas”. Só assim, de fato, a Ciência poderá caminhar para a frente.
Abaixo, o trecho da entrevista de Brian Cox a Joe Rogan.