8 anos Dando a cara a tapa – Semana Especial de Aniversário: O mundo em 2019

Chegando ao final desta semana comemorativa no Dando a Cara a Tapa, resta saber o que o Blog espera para o mundo neste já turbulento ano de 2019.

Do ponto de vista tradicional, isto é, no que diz respeito à geopolítica propriamente dita, o grande tema de 2019 será o Brexit. Afinal, haverá ou não a saída do Reino Unido da União Européia? A saída será negociada ou os britânicos escolherão o caminho suicida de sair batendo a porta (o chamado hard Brexit)? Ou, ainda, o fracasso das negociações conduzirá a um segundo referendo sobre a desunião? Até o final de março deveremos ter alguma luz nesse ponto.

Mas, do ponto de vista prático, o grande lance será, sem dúvida, o embate comercial entre Estados Unidos e China. Trump continuará com suas trumpadas? Os chineses, já sentido a água do baixo crescimento subindo pelos calcanhares, cederão às suas ameaças? Ou será que os negociadores de ambos os países conseguirão encontrar uma saída honrosa para os dois lados, que permita aos chineses dar sem parecer que estão cedendo, e ao Nero dos nossos tempos cantar vitória sem ter ganhado de fato tanto assim?

A essa altura do campeonato, é difícil responder. O imbróglio do shutdown e do muro com o México dá a exata dimensão dos impasses que Trump e suas trumpadas podem gerar. Aos chineses interessaria um acordo rápido; quanto antes, melhor. Mas eles não podem, até por razões estratégicas, cederem demais a ponto de parecer que o acordo lhes foi imposto goela abaixo por um presidente temperamental.

O mais provável, portanto, é que ambas as partes concordem em simplesmente parar de piorar as coisas (o que significa parar de aumentar as tarifas comerciais um ao outro), adiando um acordo efetivo até que esteja claro quem perde mais com o prolongamento. E aí, para não se entrar em um jogo de perde-perde, ambas as partes concordarão em encerrar o conflito (pelo menos até que outro apareça).

Se na Economia os fatores de tensão tendem a continuar, no setor Militar as coisas devem caminhar até relativamente tranquilas. Os Estados Unidos já se retiraram da Síria e deixaram aos soviéticos o problema de acabar com o que resta do Estado Islâmico. Apesar da retórica belicista, ninguém acredita que Trump embarcaria numa aventura contra o Irã. Há possibilidade de mais sanções ao regime dos aiatolás, mas nada que conduza a uma guerra contra os persas. De resto, as coisas no Oriente Médio parecem calmas, considerando o padrão da região.

Quanto à Coréia do Norte, devemos ter mais um ano de chove-e-não-molha. O que, em termos de Trump e Kim Jong-Un, pode ser considerado uma vitória. Se até outro dia ambos trocavam mensagens raivosas pelas redes sociais como meninos da 5ª série, hoje ambos os líderes encontram-se em um processo de acomodação de posições. Isso certamente não levará a uma desnuclearização imediata, nem sequer rápida, da península coreana. Mesmo assim, não há como não reconhecer o alívio ao constatar que é difícil que as coisas venham a piorar por lá.

No que toca à América Latina, o grande problema continua a ser a Venezuela. O regime chavista apodreceu faz tempo e o seu presidente está literalmente a cair de Maduro. O problema é que a alta oficialidade continua a cerrar fileiras com ele e nada sugere que venham a mudar de posição. O acirramento dos ânimos, incluindo agora a posição abertamente hostil do Brasil, em nada contribui para a melhora do ambiente. Uma tentativa de intervenção militar, ainda mais se comandada por uma nação estrangeira (EUA?), corre o risco de conduzir a uma sangrenta guerra civil. Esse seria o pior dos pesadelos para um vizinho com quem guarda 2 mil quilômetros de fronteira seca e que já vive em Roraima uma crise humanitária por conta dos refugiados venezuelanos.

No final das contas, o mundo continuará com seus problemas, mas, até onde a vista alcança, nada que faça com que ele se acabe.

Menos mal, não é?

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