A extinção do Permiano-Triássico

Boa parte dos visitantes deste espaço são estudantes. De maioria secundarista, quase todos vêm bater aqui para pesquisar algum trabalho de escola. Para não deixar na mão aqueles que vêm em busca da última salvação para não levar bomba no exame, vamos retomar uma das sessões mais queridas do Blog: as Ciências. E, para não desapontar o público restante com generalidades sobre coisas básicas do cotidiano, vamos relembrar um dos episódios mais nebulosos e mais críticos da Terra em todos os tempos: a Extinção do Permiano-Triássico, ou, simplesmente, a Grande Extinção.

Como todo mundo sabe, a Terra e o Sistema Solar foram formados há aproximadamente 5 bilhões de anos, quando nossa galáxia, a Via Láctea, ainda tomava a linda forma espiral que hoje exibe. Desde então, através de sucessivos eventos estelares e geológicos, o planeta foi se formando até esfriar, permitir a formação de água e desenvolver uma atmosfera propícia à vida.

Em algum ponto por volta de 3,6 bilhões de anos atrás, a vida floresceu neste pálido ponto azul do espaço. Com a mixagem de DNA, surgiram os primeiros organismos unicelulares e, a partir deles, a Evolução tomou conta, dando origem a centenas de espécies mais complexas.

Tudo ia muito bem, principalmente depois da Explosão Cambriana, 530 milhões de anos atrás. Havia um sem-número de espécimes de animais, plantas e organismos em geral, cada qual com suas características, tornando a Terra um belíssimo e improvável mosaico da vida. Até que um episódio apocalíptico quase pôs tudo a perder.

Por volta de 230 milhões de anos atrás, a vida na Terra subitamente sofreu um baque. E não foi um baque qualquer. 95% de todas as espécies marinhas e 70% das espécies terrestres foram para o beleléu. Para quem gosta de comparações, a Extinção do Cretáceo – mais conhecida como a Extinção dos Dinossauros – não chegou sequer a metade da Extinção do Permiano.

O que causou tamanha destruição da vida na Terra?

Como tudo nas Ciências, há várias hipóteses. A mais aceita conjuga dois eventos, ambos de proporções bíblicas. O primeiro deles foi a formação da Pangéia, um supercontinente que reunia toda a massa dos continentes que hoje conhecemos. A reunião formada pelo movimento das placas tectônicas alterou drasticamente o clima na Terra. Fora isso, a mudança “geográfica” gerou a extinção automática de vários habitas.

Pangéia

Mas só a formação da Pangéia não explicaria tamanha destruição. Para os cientistas, o grande problema surgiu no que hoje é conhecido como Sibéria. Revolta pelo movimento abrupto das placas tectônicas, estouraram na região centenas de vulcões, gerando explosões em massa de magma e cinzas na atmosfera. Pior. A atividade vulcânica permaneceu por centenas de milhares de anos, criando um efeito estufa que aumentou a temperatura do planeta em 5 graus centígrados.

Não bastasse o bloqueio da luz solar ocasionado pelas cinzas vulcânicas, o aumento repentino da temperatura da Terra aqueceu os oceanos, quebrando o frágil equilíbrio da vida marinha. Como se tudo isso fosse pouco, o aquecimento dos oceanos permitiu que os depósitos de metano e enxofre situados no fundo do mar fossem liberados. A liberação de enxofre dentro do água do mar fez surgir ácido sulfídrico. E o metano, ao chegar na superfície do mar, era liberado no ar, transformando-o em algo profundamente tóxico e aumentando ainda mais a temperatura do globo.

Foi um desastre. Sem luz solar, as plantas não tinham como fazer fotossíntese. Sem fotossíntese, as plantas morreram. Morrendo, levavam consigo o oxigênio que produziam e a fonte básica de energia de uma vasta cadeia alimentar. Gerou-se, portanto, uma reação em cadeia através da qual os animais que dependiam das plantas morriam, e os animais que dependiam dos animais que se alimentavam da planta ficavam sem alimento. Não à toa, dá-se a essa teoria o nome de “Hipótese da Arma de Claratos”.

Esse foi o mais próximo que a vida na Terra chegou da aniquilação completa. Por pouco, muito pouco, ela conseguiu encontrar o caminho e seguir com toda sua exuberante mostra de diversidade. Do contrário, o planeta teria se reduzido a um amontoado de rochas e gases venenosos.

Quem estiver interessado, pode assistir a esse programa do Discovery Channel. Com sorte, poderá entender o quão frágil é o equilíbrio que nos mantêm vivos neste pedaço de rocha que aprendemos a chamar de lar:

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