Cidades do mundo: Viena

A parte turística anda meio em baixa aqui no blog. Para resgatar em alto estilo a tradição desta que é uma das seções mais tradicionais do pedaço, wir fliegen nach Wien.

Eu sei, eu sei. Todo mundo que vai ao leste de Berlin normalmente prefere se dirigir à Praga. Mas acredite: quem conhece ambas, fica se perguntando o que é que as pessoas tanto vêem em Praga que não enxergam em Viena?

Viena é encantadora. Não porque fica às margens do Danúbio (há rios mais bonitos cortando cidades). Não é também porque o que toca no rádio é o melhor da música clássica mundial (ao contrário do terrível forró que toca em algumas capitais nordestinas). Não é sequer por ser uma das cidades mais organizadas do mundo (Londres bate qualquer uma nesse quesito). Viena enche os olhos porque consegue reunir tudo isso e, ao mesmo tempo, ser diferente no que tem de semelhante com as outras metrópoles mundiais. É velha, mas a arquitetura moderna não parece deslocada no meio de tantos prédios históricos. É sentimental, mas não é piegas. É aristocrática, mas não exala aquele odor desagradável dos nouveaux riches que precisam arrotar a própria riqueza. Viena é, em suma, uma capital na qual os paradoxos parecem coabitar numa improvável harmonia.

Antiga capital dos Habsburgos, Viena conserva o brilho da época áurea do Império Austro-Húngaro. Os senhores da Áustria tinham lá seu jeito pedante de ser, mas há-de se reconhecer: eles sabiam como gastar o dinheiro saqueado às suas populações. É provável que nenhuma outra grande capital do mundo – à exceção de Paris – tenha aproveitando tão bem seu período de esplendor econômico para deixar um legado tão precioso para as gerações futuras. Óperas, museus, parques públicos, praças de reunião, enfim, tudo o que havia de melhor desde meado do século XIX até o começo do século XX pode-se encontrar na capital austríaca. Não à toa, Viena sempre figura no top 5 das cidades com melhor índice de qualidade de vida do planeta.

Ir a Viena demanda tempo. Não tanto quanto Paris e Londres, mas, ainda assim, bem mais do que o que provavelmente será sugerido em qualquer pacote turístico. Diria eu que três dias livres na cidade bastam para se ter uma idéia geral, mas o recomendável mesmo seriam uns bons 4 ou 5 dias. Se for possível, não tenha medo de esticar um pouco a estadia. As comparações com Paris limitam-se à arquitetura grandiosa. Os preços são infinitamente mais camaradas do que os da Cidade-luz.

Sem mais, vamos a um roteiro básico de 3 dias pelas ruas vienenses:

Primeiro dia: para começar com o pé direito, o dia será tomado com duas atrações que, na minha opinião, mostram o que há de melhor, o Kunsthistorisches Museum (Museu de Belas Artes) e o Naturhistorisches Museum (Museu de História Natural). Ambos ficam defronte um ao outro, o que permite visitá-los em seqüência. Ao contrário do que aparenta e do que todo mundo que os visita pensa (inclusive este que vos escreve), nenhum dos dois foi ou teve a intenção de ser um palácio imperial. Na verdade, todos dois foram construídos por obra e graça da Casa dos Habsburgo, destinado ao usufruto da plebe. No Museu de Belas Artes, você encontrará preciosidades como A Torre de Babel, de Pieter Brueghel, A Virgem do Prado, de Rafael, além de algumas das pinturas exóticas de Giuseppe Arcimboldo, aquele pintor que gostava de fazer alegorias humanas a partir de frutas e plantas. Depois dele, faça um lanche e atravesse a praça para chegar ao Museu de História Natural. Pese não ser tão interativo quanto o de Londres, arrisco-me a dizer que provavelmente é mais variado. Quando terminar, você provavelmente estará exausto e não terá tempo para mais nada. Mas, se tiver tempo e pernas, ande um pouquinho mais até o Hofburg, o antigo palácio imperial dos Habsburgos. Fica logo em frente, com a magnífica estátua eqüestre do Princípe Eugênio de Savóia. Para terminar o dia, busque um bom restaurante para jantar como um rei e repor as energias desse dia desgastante.

Segundo dia: dia dos palácios imperiais. Você pode começar pelo Schöbrunn, o “Versailles” dos Habsburgos. Ele tomará tranqüilamente um turno inteiro do dia, somente para andar pelos aposentos e visitar seus magníficos jardins, belos efetivamente, mas ainda assim não comparáveis aos de Versailles. De lá, siga para o Palácio de Belvedere. Embora seja bem mais acanhado do que o Schöbrunn, Belvedere é tão bonito quanto, com a vantagem de ser bem mais central. Fora isso, a coleção de arte dele sozinha valeria a visita. Nela, a grande estrela é O Beijo, de Gustav Klimt. De lá, se suas pernas permitirem, siga para a Karlskirche, uma belíssima igreja católica, com duas imponentes colunas frontais, adornando o prédio central abobadado. Para terminar o dia, um jantar decente para se preparar para o dia seguinte.

Terceiro dia: último dia, você pode escolher um monte de coisas pra fazer. Pode ir visitar o Parlamento, que mais parece um tempo grego do que outra coisa. Se quiser, pode ir também ao Viena Prater, um parque de diversões enorme, com muitas atrações (não confundir com a insofismável Riesenrad, a roda-gigante que aparece em 11 em cada 10 cartões-postais da cidade). Você pode ainda pegar o ônibus do sightseeing e dar uma olhada do outro lado do Danúbio, onde se situa a parte mais nova e moderna da cidade. Nela se concentram a maior parte das representações diplomáticas e agências internacionais com sede em Viena. A única coisa que você não pode deixar de fazer no último dia é deixar de ir à Staatsoper, a magnífica Ópera da cidade. Veja a programação com antecedência no site e escolha uma boa peça para assistir. Se não tiver tempo (leia-se: $$$), escolha uma das milhares de opções de apresentações noturnas que há na cidade. Afinal, ir a Viena e não ouvir ao vivo O Danúbio Azul é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa.

Pois bem. Este é apenas um breve roteiro de sugestões. Mas não se prenda a esquemas rígidos. Se há uma coisa que Viena ensina é isso: aproveitar a vida é viver cada momento como se fosse único. Quando estiver lá, você vai ouvir alguém sussurrando em alemão algo semelhante.

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2 respostas para Cidades do mundo: Viena

  1. Kellyne disse:

    Faltou só colocar no roteiro várias paradas para comer as famosas tortas vienenses. Eu provei a sachertorte em cada café que tive a oportunidade de parar, que delícia! hehehe Bjos

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