Pois é, meus amigos. Às vezes o trocadilho já vem pronto. E nunca ele foi tão self evident quanto no caso do atual camisa 10 da seleção brasileira de futebol: Neymar Jr.
Quem viu Neymar despontar no Santos como grande promessa há mais de dez anos, jamais poderia imaginar que o maior talento futebolístico surgido nestas praças desde, pelo menos, a ascensão de Ronaldo Fenômeno, chegaria a um fim tão inglório como este. Desacreditado no exterior, enxovalhado aqui dentro, não seria exagero algum classificar o atacante do Al-Hilal, hoje, como um ex-jogador em atividade.
É bem verdade que esse fim se prenunciava já há algum tempo. Para quem sabe ler nas entrelinhas, os caminhos tortos através dos quais a carreira de Neymar resolveu seguir inevitavelmente acabariam por terminar no que agora assistimos na TV. Chegando gloriosamente no Barcelona de Messi (em seu auge), comandado por Guardiola e tendo Suárez como parceiro de ataque, Neymar tinha tudo para estourar e se transformar não somente numa grande estrela da atualidade, mas numa das referências do esporte bretão em todos os tempos.
Pois, senhor, acabou acontecendo exatamente o contrário.
Tenha saído por ciúmes dos companheiros de ataque, tenha saído simplesmente por dinheiro, Neymar foi para o PSG em busca do destaque que achava merecer – mas não tinha – em terras catalãs. Sua “passagem” pelo time ficou menos marcada pelo que ele produziu em campo, e mais pelo “escândalo” da acusação de estupro de uma modelo brasileira em Paris.
Da mesma forma, na seleção brasileira o resultado foi pífio. Embora não se possa responsabilizá-lo pelo 7×1 em 2014 (machucado, ele sequer jogou aquela semifinal no Mineirão), em 2018 e em 2022, quando deveria por definição “comandar” o time, revelou-se somente um craque fominha, dado a dribles improdutivos e retenção inútil da pelota, enquanto o time adversário organizava sua defesa.
Sua “performance” ao receber faltas ficou célebre na Copa da Rússia, com memes espalhados pelo mundo inteiro detonando sua “arte” de fingir dor. Na última Copa, o derradeiro gol nas quartas-de-final contra a Croácia talvez tenha sido o último lampejo de genialidade de Neymar, quando enfim conseguiu enfileirar adversários e fazer o gol, quase sem ângulo, em condições adversas.
Daí pra frente, restou apenas a novela da transferência para o futebol árabe, onde “brilha” o também semi-aposentado Cristiano Ronaldo. Em favor do português, contudo, resta a sinceridade aberta de que sua transferência deveu-se unicamente pelo dinheiro vindo dos petrodólares sauditas. Neymar, contudo, ainda procurou (em vão) justificar seu voluntário exílio futebolístico na suposta “força” do campeonato das Arábias.
Não que Neymar tenha cometido crime algum, que fique claro. A questão aqui são as opções com as quais uma pessoa se defronta em sua vida e, em escolhendo uma delas, as consequências que daí advirão para o seu futuro. Olhando-se em retrospecto, fica claro que, sempre que colocado entre o “dilema” dinheiro ou futebol, Neymar sempre optou pelo dinheiro. Foi assim agora, quando saiu do PSG para o Al-Hilal. Foi assim antes, quando ele saiu do Barcelona para o PSG. E, possivelmente, foi assim até quando ele escolheu sair do Santos e ir para o Barcelona (considerando que fechou contrato com o time espanhol enquanto ainda defendia as cores do time da baixada santista).
Nesse contexto, a lesão sofrida por Neymar no último jogo da seleção adquire ares de pá de cal. Somente um sujeito excessivamente otimista pra acreditar que Neymar, em fim de carreira e já tendo enchido as burras de dinheiro, venha a reprisar uma ressurreição à la Fenômeno. Nem Neymar nunca chegou perto do último camisa 9 decente da seleção, como a essa altura do campeonato não demonstra qualquer interesse em voltar a jogar em alto nível.
A verdade – é triste reconhecer – é que o futebol brasileiro encontra-se absolutamente carente de craques. E aquele que poderia envergar com propriedade a mística camisa 10 do escrete canarinho, hoje mais atrapalha do que ajuda o time. Entre a bola e a grana, Neymar preferiu a grana.
E o Brasil ficou sem ver a bola…