Nada é mais constante neste espaço do que a Música. Não à toa, foi a primeira seção oficial do blog e conta com mais posts do que o próprio Pensamento do dia.
Para celebrá-la, e também ocasionalmente para elevar o nível deste espaço, vamos recordar um dos primeiros posts sobre o assunto.
Porque muita gente sabe quem é Beethoven.
Mas são poucos os que se lembram de Arturo Toscanni…
Nem tudo que é tosquinho é ruim
Publicado originalmente em 4.2.11
Quando alguém pergunta quem foi o maior regente de orquestra do século XX, normalmente o primeiro nome que vem à cabeça é de Herbert von Karajan.
Ok, o cara era bom mesmo. Mas, se bobear, reger a Filarmônica de Berlim até eu seria capaz. Difícil mesmo é fazer com que uma orquestra comum toque como as melhores.
Pois bem. Antes de Karajan, houve um sujeito que realmente poderia ser tido como o cara. O nome dele era Arturo Toscanini.
Nascido da Itália, Toscanini começou na música tocando Violoncelo. Logo se destacou e ingressou em uma orquestra de ópera. Excursionando pelo mundo com a companhia, Toscanini veio bater no Brasil em 1896. Nesse momento, a sorte lhe sorriu.
O maestro da orquestra era um típico criador de casos. Nenhum dos músicos suportava mais seu estilo ditatorial, ainda mais quando todos sabiam que ele não era nem de longe a última Coca-Cola do deserto. Revoltados, resolveram fazer uma greve antes da apresentação no Rio de Janeiro da ópera Aida.
E aí? Se não vai ser o maestro titular, quem vai reger a orquestra?
Alguém teve a brilhante idéia de sugerir que Toscanini pegasse a batuta. Por duas horas e meia, Toscanini tocou a ópera de cabeça, sem partitura. Ao final, a platéia carioca, maravilhada, aplaudiu de pé a apresentação. E Toscanini nunca mais se separou da batuta.
Já nos anos 20, Toscanini era tido e havido como o maior regente de orquestra do mundo. O problema era a incompatibilidade de gênios com outro italiano da época: Benito Mussolini.
Em 1931, no Scala de Milão, Benito Mussolini – vivendo os seus dias de glória – mandou Toscanini executar a Giovinezza, hino dos fascistas italianos. Toscanini mandou Mussolini passear. Em retribuição, Il Duce expulsou Toscanini do país.
Refugiado nos EUA, Toscanini foi contratado pela NBC pra formar uma orquestra para a rede de TV. Conseguiu transformar um amontoado de músicos de quinta categoria num time respeitável, façanha comparável ao sujeito assumir como técnico do Íbis e fazer com que ele jogue como a seleção brasileira de 70.
Pra quem ainda não ouviu, aí vai uma palhinha do 3º movimento da 5ª de Beethoven (acredite: esse é o melhor, não o famoso 1º “tam-tam-tam-taaammm…”). Fica como convite para você conhecer um pouco mais desse brilhante regente italiano: