O tema da crise européia desenrola-se aqui e lá fora já há algum tempo, aproximando-se cada dia mais do desfecho inevitável: o calote grego e um conseqüente barata-voa europeu. Já falei aqui diversas vezes das causas da crise e de como o receituário clássico utilizado como terapêutica para a economia da Europa está fadado ao fracasso. Aí, alguém poderá perguntar: sim, mas qual é a solução?
Bom, a solução crescer, não deprimir mais a economia. Mas aí o problema muda de figura: crescer como, se o euro não se desvaloriza e, dessa forma, não há como compensar a queda da atividade interna com a promoção das exportações?
A saída da Grécia do Euro não vai mudar nada. O Euro continuará valorizado, impedindo a retomada econômica do continente. Em outras palavras: apenas vai manter a crise e alastrá-la para as outras economias periféricas (Portugal, Irlanda e Espanha), até crescer o suficiente para atingir o centro pulsante da Europa (Alemanha, França e Itália). O que fazer?
A melhor alternativa que vi no noticiário – confesso que não lembro agora quem foi o responsável pela elaboração da tese – é a saída (pasmem) da Alemanha do Euro.
“Como assim, a Alemanha?”
Seguinte: o Euro só é o que é porque a Alemanha faz parte da Eurozona. É dizer: o que faz com que todo mundo acredite que investir em Euro é um negócio seguro é o fato de, por trás dele, estar uma das economias mais fortes e prósperas do mundo. Destruída e reconstruídas duas vezes no século passado, a Alemanha é o verdadeiro dínamo a mover a Europa adiante. Independentemente do que aconteça com Grécia, Portugal ou Irlanda, enquanto a Alemanha bancá-lo, o Euro continuará sendo uma moeda forte.
Sainda da Eurozona, no momento seguinte o que haveria seria uma brutal desvalorização da moeda. Isso porque nem França nem muito menos Itália teriam o mesmo cacife da Alemanha para bancar o Euro. O resultado disso? Uma maxi de 30 a 40%, segundo alguns economistas, embora eu mesmo chutasse uns 50%, com a ressalva de não ser expert no assunto.
Depois da maxidesvalorização, o primeiro momento seria de pânico, recessão e alguma inflação. Quem vivia no Brasil no começo de 1999 deve saber bem do que falo. Depois da maxi de janeiro de 99, parecia que o mundo iria se acabar no Brasil. No longo prazo, porém, o câmbio desvalorizado tende a equilibrar o balanço de pagamentos e a fazer com que as exportações ganhem um upgrade, fazendo com que o setor da economia ligado às vendas externas impulsione o restante dela em direção ao crescimento econômico.
Fora do Euro, a Alemanha reintroduziria o marco, e seguiria como a moeda fora antes do Euro: uma das mais fortes do mundo. Sozinha, a Alemanha estaria muito bem, obrigada, e o restante da Europa poderia pensar num futuro melhor e mais próspero.
Pra quem não vê luz no fim do túnel, essa não deixa de ser uma solução atraente.