Ana O. reclama recorrentemente do nível desta seção.

Ok. Nem sempre os one hit wonders são, por assim dizer, tão wonders, embora muitos tenham marcado suas respectivas gerações.

Já que é pra subir o nível, nesta semana que precede o Natal vou postar algumas das maiores jóias da música clássica mundial. Sim, porque apesar de serem jóias, em alguns casos, seus autores não produziram mais do que uma composição digna de nota.

Para abrir a série, uma das melhores e mais fantásticas: O Concierto de Aranjuez.

Cego desde os 4 anos, Joaquín Rodrigo compôs o Concierto de Aranjuez aos 30 e poucos anos. Ele traz consigo o lirismo melancólico de quem nunca pôde enxergar sua terra natal.

Marquês da pequena e pacata cidade de Aranjuez, na Espanha, Rodrigo compôs para os ouvidos o que os olhos não podiam captar. Até onde sei, provavelmente é o único concerto em que o instrumento musical de primeiro plano é um violão. Como o próprio Rodrigo disse depois, sua intenção era estabelecer um diálogo entre o violão e os demais instrumentos da orquestra. E conseguiu fazê-lo tão bem que palavras não seriam suficientes para exprimir a beleza da composição.

Infelizmente, nenhuma outra composição do Marquês de Aranjuez alcançou e beleza e a projeção do seu Concierto.

Abaixo, o segundo adágio do concerto, o mais famoso e também o mais belo. Execução impecável da Filarmônica de Berlin, conduzida por Sir Simon Rattle.

Recomenda-se, porém, acompanhá-lo com um lenço. Lo mejor…