É impossível falar sobre o conflito árabe-israelense em um único post. Na verdade, já se escreveram livros e livros sobre o assunto, e não seria eu que, pretensamente, resumiria tudo isso em algumas poucas palavras.
Mas, para pelo menos dar uma noção geral sobre o conflito e suas origens, nessa semana vou tratar de alguns tópicos que podem ajudar os leitores do blog a formar uma opinião sobre o assunto.
Na medida do possível, tentarei ser o mais imparcial possível. Evitarei julgar o mérito das ações tomadas de parte a parte. No entanto, adianto desde logo uma conclusão: não há mocinhos nem inocentes nessa história. Cada um dos lados tem sua parcela de culpa; mais ou menos de acordo com o episódio histórico.
Pra começar, falemos da criação do Estado de Israel. Pra isso, voltemos um pouco no tempo.
Como todo mundo sabe, alguns anos após a morte de Jesus Cristo, os romanos ficaram meio de saco cheio daquele povinho chegado a revoltas chamado “judeu”. Resolveram pôr um fim na história. Destruíram Jerusalém e dispersaram o povo judeu por todas as partes do Império Romano. Foi a chamada Segunda Diáspora (70 d.C.).
Depois disso, a palestina foi ocupada por um sem-número de povos.
Chateados, os judeus desde sempre quiseram voltar para a terra que, segundo a Torá, lhe fora prometida por Deus. Criou-se um movimento a defender o retorno de todos os judeus para a terra santa. Deu-se-lhe o nome de sionismo.
Após o holocausto na II Guerra Mundial, e contando com o decisivo apoio dos americanos, o povo judeu conseguiu forçar a recém-criada Organização das Nações Unidas a atender a suas reivindicações. Estabeleceu-se um plano de divisão das terras outrora ocupadas pelo Reino Unido entre palestinos (árabes) e judeus. Por esse plano, a palestina seria recortada entre os dois, e Jerusalém ficaria como “cidade internacional”, sob jurisdição da própria ONU.
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O problema é que ninguém ficou satisfeito. Os palestinos, porque entendiam que a terra lhes pertencia, e, como a ocupavam, não era justo que cedessem terreno aos judeus só porque essa teria sido sua terra há 2000 anos. Os judeus, por sua vez, achavam insuficiente a porção de terra que lhes fora cedida. Além disso, muitos judeus já ocupavam terras que, pelo plano, deveriam pertencer ao Estado palestino. Isso implicaria desocupação em massa de judeus.
Pra piorar ainda mais, ambos queriam Jerusalém para si; não aceitavam a jurisdição da ONU sobre aquela que, no entender de cada lado, deveria ser a sua capital.
Além disso, nenhum dos países árabes aceitava a idéia de um estado judeu ao seu redor. Primeiro, pela questão religiosa. Segundo, pela questão geopolítica. Os árabes sabiam que Israel seria um extensão do braço americano sobre a região com as maiores reservas de petróleo do planeta.
Com isso, usaram os palestinos como massa de manobra para impedir a consumação do Estado de Israel. Forçaram uma guerra civil entre os lados até que, em 1948, os judeus resolveram proclamar unilateralmente a independência. Quando fizeram isso, todos os países árabes ao redor juntaram-se oficialmente aos palestinos para frustrar os desígnios judios. Iniciava-se a primeira guerra árabe-israelense.
Como seria praxe em todas as guerras depois, o primeiro conflito árabe-israelense teve David como vencedor. Valendo-se da vitória militar e utilizando como pretexto a própria guerra contra sua independência, Israel ocupou uma área bem maior do que a prevista no plano de partilha da ONU.
No ano seguinte, Israel foi reconhecido nas Nações Unidas, para desgosto de todos os vizinhos. Estabelecia-se aí uma aliança quase carnal entre EUA e o Estado judeu.
Como conseqüência da guerra, quase um milhão de palestinos ficaram desalojados e sem pátria. Continuariam a servir de massa de manobra dos demais países árabes. Seriam o pretexto e a motivação de quase todas as guerras subseqüentes.
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