Agora que o Ronaldinho Gaúcho foi para o Framengo, cada espirro que o cara dá em campo é reproduzido incessantemente pela imprensa. Basta o cara dar UM passe certo no jogo que é idolatrado. Se fizer um gol de pênalti, então, passa a semana inteira sendo endeusado no Globo Esporte.
Nunca achei Ronaldinho Gaúcho essas coisa todas, nem no seu “auge”. Jogando no Barcelona, com Messi, Henry e Eto´o ajudando, até eu.
O problema, segundo vejo, é que, como os craques no Brasil estão cada vez mais raros, é só um jogador fazer algo um pouquinho acima da média é já é tido como gênio da bola. Mas, pra quem estuda a história do futebol brasileiro, o nível de exigência é um bocadinho mais alto.
Eu nem era nascido. Boa parte do pessoal que lê o blog também não. Mas o Brasil teve um dos maiores – na minha opinião, o maior – meio-campo da história do futebol mundial: Gérson, o canhotinha de ouro.
Na nomenclatura atual do futebol, Gérson seria o chamado volante. Sim, um meio-campo responsável pela marcação. Só que, naquele tempo, volante não era sinônimo de brucutu. Ele era responsável também pela organização das jogadas. E nenhum time era o mesmo quando o miolo do gramado era preenchido com aquela carequinha mágica.
Basta dizer que o maior time de futebol de todos os tempos – a seleção brasileira de 1970 – tinha como cérebro ele.
Gérson era magistral: fazia lançamentos de 70 metros em que a bola parecia guiada no ar pra chegar no peito do companheiro de time. Mais de uma vez alterou o esquema do time no meio do jogo – à revelia do técnico – quando sentia que a coisa não ia bem. Graças a ele, o Brasil conseguiu empatar o jogo com Uruguai antes no intervalo, na semifinal de 70. Ele decidira inverter o posicionamento com Clodoaldo, que, depois de receber um passe preciso de Tostão, faria o 1º dos 3 gols do jogo.
Nunca antes, nem nunca depois, houve um meio-de-campo tão lúcido.
Abaixo, uma homenagem do Globo Esporte nos seus 70 anos:
E aqui a homenagem do SporTV:
Depois de parar, Gérson virou um comentarista cáustico de futebol. Não é pra menos: pra quem jogava como ele, fica difícil ver tanto perna-de-pau distribuindo bordoada por aí.
Infelizmente, Gérson acabou ficando mais conhecido nacionalmente por um triste comercial. Fumante inveterado, fora chamado pelos cigarro Vila Rica pra estrelar uma propaganda, cujo principal mote era o preço mais baixo do maço em relação ao concorrente. O refrão não foi muito bem pensado pelo pessoal de marketing: Por que não levar vantagem em tudo? (cf. comercial abaixo)
A triste frase do criador acabou entrando para a cultura do país como A Lei de Gérson. Pois é, é ele o Gérson da lei. Gênio da bola, acabou levando a culpa por uma lei que representa boa parte das mazelas do país.
É pena. Gérson não criou as desgraças do caráter do brasileiro. O que ele criava – e muito bem – eram momentos mágicos com a bola. O erro dos marqueteiros não tem o poder de acabar com isso.
Olha que nem sou tão fã assim de futebol, mas achei o post muito interessante com a história da lei de Gérson! Bjos
Pois é, Kellyne, pouca gente sabe que que o Gérson da Lei é o Canhotinha de Ouro. O cara era um gênio. Não vi jogar, mas pelos vídeos da época, dá pra ter uma noção de quanto ele era magistral. Bjos.
Carequinha mágica?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Desculpe-me, mas eu não consegui deixar passar.
Não entendi. Qual o problema da carequinha mágica? Lembre-se: a maldade está só na cabeça de quem vê.
1º Na sacanagem mesmo… Vê o quê?
2º Gerson como marcador era brincadeira. Em 1962, jogando pelo Flamengo como ponta-esquerda recuado recusou-se ( não sei se explicitamente) a marcar o Garricha (também podera!). Na Copa de 1970, o volante era o Clodoaldo, como na de 1958 e 1962 era o Zito, e o Didi o meia-armador. O Gerson fazia papel semelhante ao Didfi, ou seja meia- armador, com Rivelino ou Paulo César Caju fazendo as vezes de ponta recuado. Àquela época não me lembro da figura do segundo volante. No mais,eu acho que o Garga vai de contestar( novidade!), porque , para ele, os Craques( C mesmo) daquela época não conseguiriam jogar contra os brutamontes de hoje. parece piada, mas muitos pensam assim.
No mais, comemore muito amanhã e que os momentos de felicidade sejam predominantes e intensos na vida desse nobre “Senador”.
Meu caro comandante, por partes:
Sobre o item 1, não entendi a sacanagem.
Sobre o item 2, essa história de marcar o Garrincha está contada num dos vídeos que postei. Na verdade, referi-me a como ele seria designado “atualmente”. Na verdade, a função que ele desempenhava ia muito além da marcação, mas sua função não era apenas de criação. Lembre-se de que o esquema predominante naquela época – e utilizado pela seleção em 70 – era o 4-2-4. No meio, havia um “volante” mais marcador (no caso, Clodoaldo), e outro, mais criativo (Gérson). Mas a este último também cabia “compor” o meio de campo para fechar os espaços para os atacantes adversários. Tivemos, na verdade, uma “evolução” ao contrário: volantes-armadores (Didi, Gérson, Rivelino), que posteriormente ficaram apenas volantes, mas ainda assim criando (Falcão, Toninho Cerezo), e depois os brucutus das botinadas (Dunga em diante).
No mais, obrigado pela lembrança. Abraços parlamentares.
1. Me referi a sua resposta anterior: “a maldade está na cabeça de quem vê”.
2. Não caro Maximus, na Copa de 70, embora não houvesse um esquema rígido ( Pelé e Tostão marcavam), predominava o 4- 3-3, inspiração das Copas de 1958 e 1962, com o zagalo fazendo o ponta recuado.
1. Ah, bom. Agora entendi.
2. De fato, mas o “3” que vinha compor o meio de campo era o Rivelino, tal qual Zagalo em 58. Ficava a alternância entre o 4-2-4, quando o time estava no ataque, e o 4-3-3, quando perdia a bola e voltava pra defender.
Tocante, na reportagem da SporTV, as declarações de Gerson e sua esposa, quando falam um do outro. Um bom exemplo para você e Ana O.
Abç
Pra nós todos. Abraços.
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