Encerrando esta semana comemorativa dos quatorze anos do Blog, vamos ver o que o Dando a cara a tapa espera neste ano para o nosso Brasil varonil.
Que a popularidade do governo decai a olhos vistos, isso só as avestruzes não vêem. Tendo assumido um país fraturado pela campanha mais acirrada (e suja, no nível da ilegalidade) de todos os tempos, cabia a Lula puxar o pessoal da sua esquerda para o centro, de maneira a isolar a extrema-direita na sua gaiola, da qual jamais deveria ter sido libertada. Ao mesmo tempo em que ampliaria o suporte ao seu governo, essa movimento permitiria à direita democrática rearranjar suas forças, tornando o golpismo um ativo político tóxico, como deve ser.
Ao contrário do que ditava o senso comum mais básico, Lula e o PT caminharam numa direção contrária. Salvo por um breve momento logo após o famigerado 8 de janeiro, o que se viu foi a cúpula petista tentando levar o governo ainda mais à esquerda, em alguns momentos à esquerda até do governo Dilma, cujos resultados são conhecidos. Sem saber se empoderava Fernando Haddad ou Gleisi Hoffmann, Lula resolveu ficar no meio do caminho. Não por acaso, o governo não tem uma “marca” para chamar de sua, diagnóstico alcançado pelo próprio Lula na última reunião ministerial.
O problema, no entanto, não está na comunicação do Governo. Trocar Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira, no atual cenário, é quase como trocar seis por meia dúzia. Não adianta mudar a forma através da qual o produto é “vendido” se a percepção da clientela é de que o próprio produto que se quer vender é ruim. Quando Lula se elegeu, quase metade da população nutria ódio mortal ao “produto PT”. Ao invés de atrair a galera que resolveu topar a experiência de testá-lo de novo, mesmo tendo lembranças ruins da experiência anterior, o governo parece ter se esmerado em tratar essa gente aos pontapés. Não é à toa, portanto, que hoje Lula exibe índices negativos de popularidade, com a rejeição superando a aprovação.
Seja como for, o nome do jogo neste ano não é 2025, mas 2026. Tanto para um lado (governo) quanto para o outro (oposição), o que se fizer neste ano diz respeito e terá impacto direto no ano que vem. Seria de uma inocência atroz acreditar que, sangrando desse jeito, um governo cambaleante conseguirá se reerguer somente com a força da campanha eleitoral. O mais provável, caso nada mude até lá, é que tenhamos uma chapa de oposição favorita na próxima eleição. E aí só nos restaria rezar para que essa chapa não fosse integrada por um Bolsonaro ou um proxy seu.
Como não convém deixar tudo nas mãos de Deus, o melhor que o governo pode fazer agora é escantear os radicais do seu governo, declarar apoio incondicional a Haddad e à sua agenda e pressionar – não nos esqueçamos disso – para que a Justiça ande logo com os processos dos golpistas de 8 de janeiro. Com alguma sorte, será possível isolar (na cadeia) a direita anti-democrática e trazer algum respiro à economia, cujos sinais de declínio já se mostram evidentes, cortesia das obscenas taxas praticadas no mercado futuro de juros. Tempo há. Basta querer.
Em resumo, o Brasil caminhará 2025 numa linha tênue que separa um governo que ainda não disse a que veio e uma oposição com pendores golpistas sedenta para voltar ao poder e “terminar o serviço”. Ou o governo acorda e toma um novo rumo, ou os Estados Unidos olharão para o Brasil piscando o olho, fazendo a advertência de uma antiga propaganda de vodka:
“Eu sou você amanhã”.