Peixada cearense

Para aliviar um pouco a tensão destes dias malucos que andamos vivendo no Brasil, hoje vamos retomar uma das seções mais acessadas pelos visitantes inopinados deste espaço: a sempre querida Culinária. E, para retomá-la com gosto, vamos apresentar uma verdadeira tradição do Nordeste e, para gáudio deste que vos escreve, a mais nova aquisição da cozinha maravilhosa do Blog: a Peixada cearense.

Para quem não é cearense ou nunca visitou o Ceará, a peixada pode lembrar vagamente uma espécie de “sopão” ou “caldeirada” de peixe. Mas, olhando-se a fundo, as diferenças entre os pratos são marcantes. A começar, claro, pela escolha dos ingredientes. Vamos a eles:

1 – 1 cebola grande;

2 – 2 dentes de alho;

3 – 1 pimentão de cada cor (verde, vermelho e amarelo);

4 – 1kg de filé de peixe (preferências por pescada amarela ou serigado);

5 – 1 tomate sem pele;

6 – 250g de molho de tomate;

7 – 1/2 couve;

8 – Azeite de oliva;

9 – Azeite de dendê;

10 – 400ml de leite de coco;

11 -1 maço de cheiro verde;

12 – 1 cenoura;

13 – Ovos cozidos (tantos quantos forem os convidados, para não dar briga depois #FicaaDica);

14 – Sal e pimenta a gosto;

15 – 800ml de água fervente;

16 – Pimentão doce moído (o nosso velho e bom colorau);

17 – 1 caixinha de creme de leite.

Há, claro, quem acrescente à lista camarão, embora a receita original não o contemple. Eu particularmente sou contra o acréscimo, não só porque o crustáceo em si pouco acrescenta à mistura, mas também porque, para alguns paladares mais apurados, poderá desviar a atenção do peixe, que é a grande estrela do prato. Mas aí vai por conta do freguês.

Apesar da enormidade da lista de ingredientes assustar logo à partida, preparar uma boa peixada não requer grandes habilidades do cozinheiro, para ser honesto. Na verdade, esse é um dos principais chamarizes para os marinheiros de 1ª viagem: a facilidade com que se prepara o prato. A única questão aqui é não errar na dose dos temperos e, mais importante, estar atento à ordem de colocação dos ingredientes na panela.

Pra começar, corte a cebola, os pimentões, os dentes de alho, o tomate, a cenoura e a couve. Salvo os dentes de alho, que devem ser bem picadinhos, os demais podem ser cortados em pedaços grandes, sem muita atenção ao detalhe. Feito isto, coloque um pouco de azeite na panela e depois refogue tudo por uns dois minutos.

Uma vez refogados os legumes, despeje o leite de coco. Mexa um pouco pra misturar, por volta de um minuto, para logo em seguida acrescentar o molho de tomate. Mexa novamente e, depois, coloque o azeite de dendê (duas colheres de sobremesa bastam). Só então coloque as postas de peixe, espalhadas de forma concêntrica dentro da panela, de modo que elas já comecem a cozinhar pelo calor da mistura.

Passados uns três minutos, despeje a água que já deve estar fervendo na outra panela e adicione o sal, a pimenta, o pimentão doce e metade do maço de cheiro verde. Feito isto, é hora de tampar a panela e deixar o fogo fazer o seu trabalho. Em média uns 15 a 20 minutos depois, o peixe já deverá estar cozinhado. Mexa devagarinho e sinta com a colher de pau o sal e o tempero do caldo, pra saber se a mistura está no ponto. Se o caldo lhe parecer muito pálido, não é vergonha acrescentar um pouco mais de colorau.

Quando tudo estiver aparentemente ok, é hora de colocar os ovos cozidos e deixá-los cozinhar com a mistura por uns 5 minutos, para pegar gosto. Depois, basta apagar o fogo, despejar o creme de leite, dar uma última volta de colher de pau na panela e colocar o resto do cheiro verde por cima de tudo, para deixar nos conformes.

Para prestar tributo à melhor tradição cearense, você pode ainda fazer um pirão com o caldo da peixada. Basta pegar uma outra panela e colocar parte do caldo ainda quente para cozinhar em fogo baixo, acrescentando-lhe farinha. A medida costuma ser de 1 colher de farinha para cada 3 conchas de caldo, mas também aí vai do gosto de cada um (se gosta do pirão mais ou menos líquido). 15 minutos de paciência rodando o caldo e a farinha devem resultar em um magnífico acompanhamento para a sua peixada.

Voilà. Uma receita simples, sofisticada e – por que não? – também saudável, para agradar aos paladares mais exigentes.

Bon appétit.

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