O caso Neymar

Da onde menos se espera, daí é que não vem mesmo. Tal é a conclusão a que se chega depois de ver o “menino” Neymar envolvido em mais uma “polêmica” (pode me chamar de “acusação de crime”, mesmo).

Neymar da Silva Santos Jr. começou nas categorias de base do Santos em 2002. Durante oito anos, o menino – naquela época, o epíteto valia – foi lapidado na mítica Vila Belmiro. Ela, que já relevara o maior jogador de futebol de todos os tempos, parecia destinada a reencarnar a aura dos anos 60 e fazer com que o jovem atacante revivesse os áureos tempos em que o país parava para assistir aos jogos da seleção (hoje, joga-se um amistoso contra o Qatar ao qual ninguém vê).

Ao lado de Ganso, Neymar conseguiu trazer uma lufada da esperança para quem já havia perdido a fé na mágica do escrete canarinho. Longe iam os dias em que os mais incautos acreditavam que Kaká, Adriano ou Ronaldinho Gaúcho conseguiriam levar nosso time de volta ao estrelato. Entre polêmicas, mau gerenciamento da carreira e o evidente hype de uma imprensa acostumada a supervalorizar nossos atletas, a seleção brasileira ia de mal a pior.

Mas, a partir de 2010, tudo seria diferente.

De campeão paulista, o Santos logo passou a campeão da Copa do Brasil para, enfim, devolver ao glorioso alvinegro praiano o título de campeão da Libertadores da América. Era a consagração dos novos “meninos da Vila”. Mesmo a derrota por inapeláveis 4×0 na final do mundial para o Barcelona não arranhou em nada a sua reputação. Afinal, perderam para o melhor time do mundo, com um elenco estelar liderado pelo maior craque deste milênio (Messi). De lá pra cá, no entanto, alguma coisa desandou pelo caminho.

Neymar saiu do Santos e foi para o Barcelona. Já aí surgiu a primeira “polêmica”. Murmurava-se nos bastidores que Neymar já jogara a final do Mundial de Clubes com contrato assinado com o time catalão. Tempos depois, descobriu-se que o rumor era verdade. Pior. Indícios de delitos na transação levaram à queda do então presidente do Barcelona, Sandro Rossell, e a acusações contra Neymar pai e Neymar filho na justiça espanhola.

Em termos futebolísticos, no entanto, Neymar estava onde qualquer um queria estar. Ao lado de Messi e Suárez, o novato constituía o que se poderia descrever facilmente como o melhor ataque do mundo. Isso e mais uma constelação de astros no meio e na retaguarda ajudaram-no a conquistar uma penca de títulos na Espanha. Neymar tinha tudo pra estar feliz, certo?

Errado.

Incomodado com a “sombra” de Messi e Suárez, Neymar decidiu que tinha que partir para um vôo solo se quisesse um dia chegar a melhor jogador do mundo. A mudança para o Paris Saint Germain parecia óbvia, até porque não havia muitos times no mundo com EU$ 200 milhões em caixa pra pagar a multa rescisória do jogador com o Barcelona. Na Cidade-Luz, finalmente Neymar brilharia sozinho e seria feliz, correto?

Errado. De novo.

Mesmo com o bicampeonato francês, Neymar e Cia. não conseguiram levar o time além das oitavas-de-final na Champions League. Um fiasco, considerando o investimento que o time fez na contratação do próprio Neymar e de jogadores com Mbappé. Nesse meio-tempo, as “grandes notícias” sobre Neymar foram sobre suas intermináveis idas-e-vindas com Bruna Marquezine, a agressão a um torcedor na final da Copa da França e, agora, a acusação de estupro de uma modelo.

Independentemente da veracidade ou não da denúncia que sofreu, o fato é que não se fala sobre o futebol de Neymar já há um bom tempo. O “menino” já completou 27 anos e, até o momento, não disse a que veio no futebol. Seus grandes feitos dentro das quatro linhas datam do começo da década. Na seleção, tudo se resume praticamente à inédita medalha de ouro olímpica, feito que deve ser relativizado dada a fragilidade dos adversários. Na seleção principal, Neymar ainda não conseguiu nenhum título de destaque. Nesse meio-tempo, ele parece ter investido mais na carreira de popstar do que propriamente na carreira de jogador.

A verdade é que hoje ninguém mais se pergunta se Neymar jogou bem ou marcou gol na última partida. Pergunta-se, sim, qual foi a “última” que ele aprontou. Um triste fim para a maior promessa do futebol brasileiro dos últimos anos.

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