E já que o 18 de março encerra uma data especial, vamos recordar um dos primeiros posts das Dicas de Viagem.
Porque o Dando a cara a tapa também é cultura…
Do outro lado do Muro de Berlim
Publicado originalmente em 18.3.11
Pra quem vai a Berlim, uma das visitas obrigatórias é o Portão de Brandemburgo.
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O Portão de Brandemburgo está para os alemães como o Arco do Triunfo está para os franceses. Serve para marcar as vitórias do seu exército e para embelezar (ainda mais) a cidade.
Construído por Guilherme II, da Prússia, o Portão de Brandemburgo é, de fato, uma construção imponente. Suas colunas ao estilo grego possuem mais de 20m de altura, e uns 4m de circunferência. Mas é em cima do Portão que fica o detalhe que mais chama a atenção: a quadriga de inspiração romana. Apesar de ser um símbolo que evoca a guerra, seu intuito era representar a paz.
Por ironia do destino, quando Berlim foi retalhada em quatro depois da II Guerra Mundial, o muro da cidade passava justamente ali. Por causa disso, essa parte da cidade ficou “meio-morta”; uma área sem grande expressividade urbana e praticamente abandonada.
Símbolo do esplendor da Prússia – e depois da Alemanha – o Portão de Brandemburgo acabou ficando do lado soviético do muro. Mas, logo ali, do outro lado, ficava o Tiergaten, o grande parque que embelezava Berlim ocidental. E, por isso mesmo, com o muro e o Portão de Brandemburgo ao fundo, era o palco preferido dos presidentes americanos quando iam visitar Berlin.
Foi lá, por exemplo, que John Kennedy pronunciou seu famoso discurso Ich bin ein Berliner (Eu sou um berlinense):
Anos depois, Ronald Reagan foi lá e “pediu” a Gorbachev: Tear down this wall (Derrube este muro):
“Tá, mas e daí?”
Seguinte: o Portão de Brandemburgo é um conjunto arquitetônico formado pelo Portão em si e por duas praças: a Pariser Platz e – tchan-nam! – a Platz des 18 März.
A primeira tem o nome provavelmente inspirado no fato de que a embaixada da França fica ali. Na partilha da cidade pelos vencedores, a Pariser Platz ficou para os soviéticos.
Do outro lado, em Berlim ocidental, ficou a Praça do 18 de março. O nome é referência a duas datas históricas: primeiramente, ao dia em que o povo prussiano, inspirado pela Primavera dos Povos que convulsionou a Europa em 1848, deu início ao movimento de contestação ao regime absolutista então vigente. Exigia-se o fim da censura e a convocação de um parlamento que votasse uma constituição a limitar os poderes do Kaiser.
Frederico Guilherme respondeu ao melhor estilo Kaddhafi: mandou as tropas, montadas a cavalo, dispersarem a multidão aos tiros. 270 pessoas morreram naquele dia, mas, de certo modo, a Prússia jamais voltaria a ser a mesma.

Praça do 18 de março
Coincidentemente, pouco mais de 150 anos depois, no mesmo dia, os cidadãos da Deutsche Demokratische Republik (DDR – República Democrática Alemã, mais conhecida como Alemanha Oriental) decidiram em plebiscito se unir à Bundesrepublik Deutschland (BDR – República Federal da Alemanha, vulgo Alemanha Ocidental). Após 50 anos, a Alemanha voltaria a ser uma só nação.
Se for a Berlim, não deixe de visitar todo o conjunto. Há por ali mais história do que você imagina.