Dando sequência à faxina aqui no Blog, isto é, ao uso do espanador para tirar o pó a se acumular em algumas seções esquecidas deste espaço, vamos retomar uma das mais polêmicas e interessantes dele: a Ciência.
Todo mundo aprende na escola que o planeta Terra encontra-se no meio de um sistema planetário, ao qual denominados Sistema Solar, em homenagem à sua estrela-mãe. O Sistema Solar, por sua vez, encontra-se situado numa galáxia à qual deram o nome de Via Láctea. E a Via Láctea encontra-se em algum lugar perdido de um espaço aparentemente infinito que, por ser supostamente único, ganhou o nome de Universo.
Teorias e teorias já foram formuladas, contestadas e replicadas em torno da criação do Universo. Será que foi Deus quem criou? Será que foi por conta de alguma explosão de uma sopa primordial de energia incálculável (Big Bang)? Ou será que o Universo sempre foi assim.
Independentemente da teoria adotada para a sua criação, todas as correntes parecem estar de acordo quanto ao fato de que só existe este Universo. Por isso mesmo, não haveria nada além dele. Mas será que realmente o nosso Universo é o único existente?
Com base em várias teorias e algumas evidências, muita gente boa começa a acreditar que podemos até estar a sós no Universo, mas provavelmente o Universo não está só dentro dele. De acordo com esse entendimento, haveria vários outros Universos, espalhados em um conjunto disforme e impreciso, que se juntariam ao nosso Universo para compor o que os cientistas chamam de “Multiverso”.
Não que se trate de algo exatamente novo na comunidade científica. Até mesmo nos filmes e nos desenhos animados a hipótese de Universos “paralelos” coexistirem já foi explorada pelos roteiristas. Agora mesmo encontra-se em fase de pós-produção o filme X-Men: Dias de Futuro Passado, no qual, em uma realidade paralela, Wolverine e Cia. lutam contra campos de concentração criados pelos seres humanos e guardados por robôs gigantes chamados de “Sentinelas”.
Mas, afinal, o que leva os cientistas a acreditar que talvez nosso Universo não seja único?
A resposta para essa questão passa pelo fato de que a existência simultânea de vários Universos conseguiria explicar de maneira razoavelmente satisfatória uma porção de coisas para as quais, hoje, ninguém encontra resposta.
Em primeiro lugar, a hipótese do Multiverso pode explicar o Big Bang. Segundo essa teoria, a explosão inicial que deu origem ao nosso Universo resultou do “choque” de outros dois Universos. Isso explicaria tanto a explosão como a origem de toda a matéria existente no nosso Universo.
Em segundo lugar, o Multiverso conseguiria reunir numa única teoria a Mecânica Quântica e a Relatividade de Einstein, coisa com a qual os cientistas sonham há décadas. A primeira explica de maneira muito adequada o funcionamento do mundo subatômico. A segunda, como funcionam as coisas absurdamente gigantes. No entanto, elas são – pelo menos à primeira vista – inteiramente incompatíveis. E aí que entra a hipótese do Multiverso.
De acordo com essa hipótese, o Multiverso divide-se em quatro níveis, cada qual com modos, tamanhos e localizações diferentes entre si. Na interação entre eles, cada fato ocorrido poderia acontecer – ou não acontecer – de maneiras distintas, dando origem a infinitas possibilidades de realidades paralelas. Trocando em miúdos, sempre que um determinado evento pode acontecer de várias formas possíveis, todos os outros eventos “não realizados” acontecem em outros universos.
Imagine, por exemplo, que você jogou na Mega-sena. No Universo no qual você está lendo este post, muito provavelmente você estará lamentando não ter sido, mais uma vez, contemplado pela sorte. No entanto, em outro Universo, neste exato momento você foi sorteado, já aplicou o dinheiro no banco, pediu demissão e mandou o chefe pro raio que o partisse.
Em cada um desses Universos, você “existe” de maneira singular, de maneira a pensar que “aquela” é a única realidade que há. No entanto, no mesmo momento, sua outra realidade está se desenvolvendo de modo totalmente diferente, sem que você tenha sequer noção de sua existência.
O problema da hipótese do Multiverso é que, virtualmente, ela é impossível de ser comprovada de forma empírica. Todas as “evidências” sobre sua possibilidade derivam de cálculos matemáticos ou derivações da Teoria das Cordas, algo também ainda por provar.
Até lá, portanto, continuaremos ainda perguntando “somente” as velhas questões de sempre: “De onde viemos? Para onde vamos?”
Desculpe meu caro Senador, não entendi bem quando você, após situar a Terra ( Sistema Solar) e o Sistema Solar ( Via Láctea), diz que esta está em “algum lugar perdido” chamado Universo. Não há nenhuma teoria situando de alguma forma mais determinada a Via Láctea?
Um abraço.
Na verdade, Comandante, quando se observa o Universo, ele se apresenta praticamente igual em todos os pontos e direções. Por isso, pode-se dizer que nossa Galáxia não ocupa um lugar especial no Universo. Não há, por assim dizer, um “mapa” do Universo, senão uma identificação da localização das galáxias que nos são próximas. Espero ter conseguido explicar. Um abraço.
Valeu.