Um barulho surdo ecoa no universo

Pode parecer estranho, mas a Teoria do Big Bang ainda é o que indica seu nome: uma “teoria”, ou seja, uma hipótese ainda por provar.

Todo mundo dá de barato que, mais hora, menos hora, será encontrada e/ou demonstrada cientificamente a prova empírica da correção da teoria. No entanto, até agora só o que há são indícios; fortes, é verdade, mas apenas indícios.

Um dos indícios mais fortes do acontecimento do Big Bang é a chamada radiação cósmica de fundo.

Por volta de 1960, dois cientistas americanos, Arno Penzias e Robert Wilson, notaram que uma de suas antenas apontadas captava um irritante ruído contínuo, e não conseguiam entender nem como nem de onde provinha tal ruído. Não tinha origem humana, isto é, não era uma onda de rádio emitida por algum aparato criado pelo homem. De um planeta seria deveras difícil, pois planetas em geral não emitem semelhante radiação. Ademais, era muito baixa pra vir do Sol.

Intrigados com o barulhinho chato, ambos passaram a estudar o assunto. Descobriram que, em 1948, três cientistas, George Gamov, Ralph Alpher e Robert Herman, haviam previsto de modo teórico algo que chamaram de “radiação cósmica de fundo”. Seguinte:

Segundo a Teoria do Big Bang, antes do universo ser como é hoje, toda a sua matéria estava concentrada num único ponto, extremamente quente. Uma massa uniforme que englobava simultaneamente matéria e radiação. Ao explodir e começar a se expandir continuamente, a matéria contida nesse único ponto começou a esfriar. As partículas mais pesadas começaram a se juntar, recombinar e, então, passaram a formar átomos. Desses átomos  derivou tudo que está por aí: planetas, estrelas, galáxias, etc.

Ocorre que parte dessa matéria, por meio de combinações e recombinações, ficou de fora do jogo. Na forma de partículas conhecidas como fótons, entrou em depressão pela solidão molecular e começou a esfriar continuamente, até ficar próximo de apenas 3ºK (3 graus Kelvin – lembrando que o “0º Kelvin é igual a aproximadamente – 273º celsius).

A essa radiação sem origem, e que seria um “eco” do Big Bang, deu-se o nome de radiação cósmica de fundo. Hoje, ela é um dos principais pilares “empíricos” de que o Big Bang não é só uma teoria: efetivamente ocorreu.

Como um errante deambulando pelo universo desde o Big Bang, essa radiação dissociada da matéria ficou como “registro” do que teria ocorrido no universo primordial. Algo como aquele zumbido que de repente ecoa no ouvido e ninguém sabe de onde veio, muito menos como desaparece. Um prova de que o universo pode esconder muito mais mistérios do que imaginamos.

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