Há algum tempo escrevi um post sobre as origens da I Guerra Mundial. Agora, vou tentar resumir como ela se desenvolveu e, afinal, “acabou”.
Após o “Milagre do Marne”, a frente ocidental da Guerra (leia-se: Bélgica e França) ficou praticamente parada por conta da “Guerra de Trincheiras”. Entocados em seus buracos, com dezenas de metralhadoras e rolos de arame farpado por todos os lados, os soldados pouco podiam fazer para avançar na frente. Se o fizessem, arriscavam-se ainda a ir pelos ares, por conta das minhas que se colocavam entre uma frente e outra. Por conta disso, morria-se um monte, mas o avanço em termos de território era mínimo.
Na frente oriental (leia-se: Rússia), a parada era ainda mais complicada. Por mais que o Exército russo tivesse sido praticamente posto fora de combate pelos alemães, invadir a Rússia era sempre um problema. Os russos recuavam, recuavam, recuavam pra dentro do seu território. Como ele se estende da Europa até o Pacífico, espaço pra recuar era o que não faltava. Entre uma ponta e outra havia a Sibéria e suas temperaturas glaciais. Pra piorar, os russos ainda matavam os animais, queimavam as plantações e salgavam o chão, adotando a velha tática da “Terra Arrasada”. O inimigo poderia avançar o quanto quisesse, mas seu avanço era limitado pela escassez de alimentos para prover à tropa. Dessa maneira, pouco importava que o exército russo não pudesse inflingir grandes perdas aos alemães; ainda assim, os alemães não conseguiam penetrar profundamente no território russo. Tal situação trazia consigo o incoveniente de impedir que as forças alemãs no front oriental pudessem ser deslocadas para o ocidental. Com isso, ao contrário do que recomendara o Plano Schileffen, a Alemanha continuava atada a uma guerra em duas frentes.
Entre 1914 e 1917, pouca coisa mudou. Matava-se gente de um lado e do outro, mas não havia avanços significativos, nem de um lado, nem de outro. A única nota digna de registro foi a virada de casaca da Itália, que passou de membro da Tríplice Aliança (junto com Alemanha e o Império Austro-húngaro) a integrante da Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia).
Em 1917, dois acontecimentos mudariam de vez o desenrolar da I Guerra e, depois, da história do mundo.
Primeiramente, os americanos entraram na guerra ao lado da Entente. Por nenhum motivo nobre, diga-se de passagem, mas simplesmente para garantir a solvência de seus devedores europeus (França e, principalmente, Inglaterra). Queriam assegurar que quem lhes devia dinheiro tivesse condições futuras de pagar o que tomaram emprestado.
Em segundo lugar, a Revolução russa de 1917. Com a ascenção do governo bolchevique de Lênin, fez-se a paz com a Alemanha, e os russos foram brigar entre si, pra ver quem mandaria na Nova Rússia.
Para a Alemanha, a retirada da Rússia da I Guerra era um fator decisivo. Afinal, poderia mobilizar todo seu contingente na frente ocidental. Mas, em perspectiva, tal fato se demonstraria menos relevante para a dinâmica da guerra do que a entrada dos EUA na guerra. Com sua imensa capacidade industrial, o peso dos americanos certamente desequilibrou a balança a favor da Entente.
Já exaustos depois de 4 anos de guerra, os alemães reuniram todas as forças para uma segunda grande ofensiva. Foi como a última tentativa de romper a carniceira guerra de fronteiras e tentar avançar no terreno inimigo. Ajudados pelos americanos, ingleses e franceses repeliram as forças alemãs naquela que ficou conhecida como “Segunda Batalha do Marne”.
Após a frustrada tentativa de romper as trincheiras inimigas, as populações da Alemanha e do Império Austro-húngaro resolveram por um fim na brincadeira. No Império Austro-húngaro, os Habsburgos foram postos pra correr depois de pipocarem declarações de independência de todo o mosaico de nações que o integrava. Na Alemanha, o II Reich caía com a proclamação da república e a deposição de Guilherme II.
A I Guerra chegava ao fim, portanto, não por conta de uma vitória militar de algum lado, mas por exaustão das nações envolvidas. Assim como previra Lord Kitchener, a guerra durara mais de 3 anos (durou 5), matara 50 milhões de pessoas e foi o começo do fim da hegemonia européia no mundo.
Com a assinatura do armistício, organizou-se uma Conferência de Paz em Paris. Dela resultou o Tratado de Versalhes. E foi nele que se plantou a semente da II Guerra Mundial, 20 anos depois.
Mas isso já é outra história.