Certa vez, já durante a Faculdade, MK – mente brilhante, 1º colocado no vestibular – encontrava-se enfadado com os rumos de uma determinada aula. Como tudo lhe parecesse aborrecido, resolveu animar a sala. Teve a idéia de propor uma discussão silenciosa, que teria lugar por meio de um bilhetinho. No título, uma pergunta: “Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”
A primeira resposta foi do próprio MK. Seguindo um raciocínio de uma lógica quase irrefutável, dissera que o ovo teria vindo primeiro. Segundo ele, os dinossauros – que já punham ovos – deram origem às aves; uma hipótese bastante aceita entra os biólogos e arqueólogos. Como os dinossauros, por répteis, já punham ovos, é evidente que a galinha, por ave, teria que ter surgido depois do ovo, do qual nascera.
Três ou quatro dos presentes manifestaram-se, também, pelo acolhimento da tese da precedência oval.
Salvo engano, @jgveras abriu a divergência. Dizia ele que, mesmo tendo surgido primeiro, o ovo do qual nascera a galinha teria que ter surgido, necessariamente, ou de uma mutação genética precedente à galinha ou, então, de um cruzamento de duas espécies distintas. Assim, o primeiro ovo não seria um ovo de galinha, mas um ovo mutante ou cruzado; fosse o que fosse, não era ovo de galinha. Portanto, só depois de surgida a galinha se poderia falar em ovo colocado por ela
Sentado – como sempre – no final da sala, entendiado com a aula e impaciente com tal discussão estéril, sentenciei em duas frases, curtas e secas:
“Galinha não nasce. Quem nasce é vivíparo”.
É fato: as galinhas, ovíparas, não nascem; eclodem.
Pedi para devolver o bilhete ao seu destinatário. MK, ao recebê-lo, deu uma rápida olhada no histórico de mensagens. Ao chegar à minha proposição, levou a mão espalmada à testa. Depois, rasgou o bilhete.
Fim de papo.