Podem me chamar de retrógado, reacionário, pernóstico, mas se tem uma coisa com a qual eu realmente implico são textos em que a expressão “o mesmo” é utilizada como sujeito.
Você certamente já viu por aí – especialmente em textos jurídicos – alguém se referir a algo como “o mesmo”; “o mesmo” fez isso; “o mesmo” fez aquilo. Exemplo: antes de assinar o contrato, leia todas as cláusulas do mesmo.
Uma das frases mais recorrentes é a famigerada e esdrúxula advertência presente nos elevadores: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar”. (Queria sinceramente saber de um caso em que o sujeito entrou no elevador sem ver se ele já tinha chegado).
Na maior parte das vezes, a utilização da expressão “o mesmo” como sujeito de frase ou pronome pessoal do caso reto deriva da insegurança do autor quanto à utilização de pronomes possessivos. Ou isso ou uma dúvida quando é necessário evitar a repetição de uma mesma palavra.
Primeira coisa: mesmo pode ser substantivo (ex: a mesma coisa), adjetivo (ex:políticos são todos os mesmos), advérbio (ex: chegaram mesmo ao cúmulo da sandice) e pronome (ex: ainda é o mesmo). Mas nunca – nunca MESMO – mesmo pode ser utilizado como pronome pessoal do caso reto (eu, tu ele, nós, vós, eles).
Segunda coisa: na maior parte dos casos, “o mesmo” pode ser perfeitamente substituído ou por um pronome possessivo ou ainda com uma simples alteração na pontuação e na ordem da frase. Vejamos nos dois exemplos acima:
1 – Antes de assinar o contrato, leia todas as cláusulas do mesmo.
Utilize o pronome possessivo. Não haverá qualquer dúvida quanto ao entendimento da mensagem. Assim, ficaríamos com: “Antes de assinar o contrato, leia todas as suas cláusulas”.
2 – Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar.
Nesse caso, uma mera substituição de pontuação resolve o problema. Antecipando a vírgula e deixando subentendido o sujeito, ficaríamos com: “Antes de entrar, verifique se o elevador encontra-se neste andar”.
3 – Na pior das hipóteses, não tenha medo de recorrer aos bons e velhos pronomes pessoais do caso reto. Certamente o texto ficará melhor do que com “o mesmo”.
Por exemplo: “Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra neste andar”.
Portanto, apesar de boa parte dos gramáticos “aceitar” como correta a utilização do “mesmo” substituindo pronomes pessoais do caso reto, abandone-a, sem remorsos.
A isso acrescente-se que mesmo os gramáticos que aceitam a utilização do “mesmo” classificam essa forma de linguagem como “pobre” ou “rasa”. E a última coisa que você quer é que alguém diga isso do seu texto, não é verdade?
Portanto, evite o uso dessa expressão a todo custo. Seu texto ficará mais fluido e elegante.
Eu morro de medo do mesmo!!! Lol!
Hahaha, essa foi boa. O medo é útil, de fato, hehehe.