Depois do tri olímpico nos Jogos do Rio, nada mais justo do que homenagear o grande Bernardinho, em um post escrito antes das Olimpíadas de Londres em 2012.
O maior técnico da história do esporte mundial
Publicado originalmente em 10.10.11
Não, não é do futebol. E tampouco de algum esporte individual. O maior técnico da história do esporte mundial é brasileiro, e atende pelo nome de Bernardo da Rocha Rezense. Ou, como é mais conhecido, Bernardinho.
Eu sei, eu sei: o cara é polêmico. É difícil encontrar algum especialista que não aponte um defeito aqui, outro acolá, naquele que, há 10 anos, é o técnico da seleção de vôlei do Brasil. Dizem que sua obsessão pela excelência é exatamente igual à sua obsessão pelo comando. Daí ter expulsado da seleção o maior levantador do mundo, Ricardinho, numa briga em que acreditou que sua liderança fora posta em xeque.
Vão dizer também que José Roberto Guimarães conseguiu os títulos olímpicos tanto no masculino como no feminino, o que o deixaria à frente de Bernardinho. Pode até ser. Mas, pra mim, não tem pra ninguém: Bernardinho não é somente o melhor técnico de vôlei do mundo. É o maior técnico da história do esporte mundial.
Bernardo Rocha de Rezende é um carioca meio turrão. Como jogador, foi razoavelmente bem sucedido. Tornou-se um levantador de sucesso, embora tenha sempre amargado a reserva de William na seleção que ganharia a medalha de prata em Los Angeles, em 1984.
Mas foi como técnico que Bernardinho gravou seu nome na história. Sua busca pela excelência, obsessiva quase em grau patológico, rendeu-lhe a maior coleção de títulos que um treinador de vôlei já amealhou: mais de 30, em pouco mais de 20 anos de carreira.
Quando acha que alguma coisa não vai bem, ele não hesita em distribuir esporros aos seus liderados. Na época em que treinava a seleção brasileira feminina de vôlei, as moças pespegaram-lhe um apelido: Karpolzinho, uma referência ao então técnico da seleção russa, que costumava deixar suas comandadas aos prantos com as broncas que dava.
Nem só de broncas vive um técnico de vôlei, é verdade. Bernardinho possui um estilo próprio de trabalho. Analisa cada detalhe do jogo e do adversário. Não fica preso a uma escalação, quando acha que outras peças renderão melhor conforme o oponente. Muda o time, muda o estilo de jogo, e exige de seus jogadores atenção e dedicação máximas a todo o momento. Sua liderança advém do respeito pelo conhecimento que os jogadores sabem que ele tem. Só isso explica por que, com quase o mesmo time, Radamés Lattari – seu predecessor – não ganhou quase nada na seleção, ao passo que Bernardinho ganhou o Campeonato Mundial (atual tricampeão), o bi-campeonato Olímpico em 2004 e oito ligas mundiais só na década passada.
Sua capacidade é tão inconteste que nem mesmo quando alçou seu filho Bruninho à condição de titular da seleção brasileira houve voz que sugerisse qualquer tipo de favorecimento ou de “nepotismo”.
Claro, Bernardinho não é perfeito. Amargou algumas derrotas durante a carreira. Talvez a mais dolorida tenha sido o vice-campeonato olímpico de 2008. Tudo bem. O saldo é mais do que positivo.
Seremos tricampeões em 2012? Só Deus sabe. Mas, perdendo ou ganhando, pode-se ter uma certeza: teremos no banco o melhor técnico que poderíamos querer.
Abaixo, uma reportagem do Esporte Espetacular sobre os 10 anos de Bernardinho à frente da seleção: