Sugestão de música: Alceu Valença

A música sempre foi uma constante deste espaço. Para não promover a desfeita a uma seção que se tornou marca registrada deste espaço, vamos retomá-la em alto estilo com um dos mais renomados e talentosos filhos de Pernambuco: Alceu Valença.

Alceu Valença

Nascido em São Bento do Una, agreste pernambucano, Alceu Valença cresceu ao redor da música. Seu avô era poeta e violeiro. Na sua cidade, vez por outra apareciam os famosos cantadores do Nordeste. Dentre eles, figuras como Jackson do Pandeiro e o grande Luiz Gonzaga.

Formado em Direito, Alceu logo viu que as letras jurídicas não eram a sua praia. Muito menos as letras diárias, pois também desistiu logo da alternativa do jornalismo. Foi quando atravessou o seu caminho outro nordestino de talento: Geraldo Azevedo. Juntos, ambos foram para o Rio de Janeiro tentar a sorte nos musicais de TV que pipocavam nos anos 70. Embora tenha tomado pau na sua primeira apresentação na TV Tupi, foi o que bastou para acender a fagulha naquele jovem irrequieto.

No meio dos anos 70, enquanto o mundo vivia o auge do rock psicodélico, Alceu trouxe um pouco da experimentação daquele período para dentro da MPB. É dessa época, por exemplo, Vou danado pra Catende, ao lado do genial Zé Ramalho:

Mesmo assim, Alceu era pouco reconhecido no cenário nacional. No máximo, era visto como uma figura exótica do Nordeste brasileiro, uma excentricidade que a diversidade musical da MPB impunha ao seu conjunto. Foi somente nos anos 80 que esse pernambucano da gema explodiu para o Brasil.

No começo da década, lançou Coração Bobo. Com a música-título de carro-chefe, o disco estourou nas rádios, catapultando Alceu Valença para o topo das paradas:

Após um breve retorno ao estilo rock ‘n roll com Cinco Sentidos, cuja recepção pelo público foi fria como a noite no Recife Antigo, Alceu voltou a brilhar com aquele que provavelmente foi seu melhor álbum: Cavalo de Pau.

E o nome tinha tudo a ver com o disco. Em relação a Cinco Sentidos, o novo disco era realmente um cavalo de pau. Finalmente, Alceu conseguia traduzir suas raízes em letras que mostravam, a um só tempo, a originalidade da cultura nordestina e a elegância de seu estilo musical. São desse disco clássicos como Morena Tropicana, Cavalo de Pau, Como dois animais e Pelas ruas que andei.

Sem tirar o pé do acelerador, Alceu emendou o sucesso de Cavalo de Pau com outro disco icônico: Anjo Avesso. Apenas um ano depois, Alceu lançaria aquela que talvez seja a sua música mais conhecida: Anunciação.

Mas nem só de anos 80 viveu Alceu Valença. No começo da década seguinte, já como um consagrado cantor e compositor da música popular brasileira, o artista pernambucano lançou um dos seus melhores discos: 7 desejos. Compunham o álbum sucessos como Tesoura do Desejo (com Zizi Possi), La belle du jour e, claro, a canção-hino do Brasil naquele negro período Collor: Tomara.

Depois disso, a produção individual de Alceu Valença caiu um pouco, mas nem por isso ele ficou menor. Só a participação no inesquecível O Grande Encontro já valeria, por si só, a história de uma vida.

Fica, portanto, o convite para que você conheça um pouco mais a obra desse grande artista pernambucano. É satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.

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