Cidades do mundo: Munique

Há algum tempo uma das seções mais cultuadas deste espaço anda meio abandonada. Para retomá-la em alto estilo, nada melhor do que uma visita a uma das cidades mais charmosas e bonitas do planeta: Wir fahren nach Munchen!

München

Quem vai à Alemanha, em regra busca cidades ao norte, principalmente Berlim, Hamburgo e Colônia. Claro, Berlin com toda a sua história, Hamburgo com sua efervescência e Colônia com sua arquitetura constituem quase um roteiro obrigatório do estado tedesco. Mas, no final das contas, a beleza alemã está mesmo é ao Sul.

Munique consegue reunir, a um só tempo, todas as virtudes das principais cidades alemãs e quase nenhum de seus defeitos. Como uma garota tímida, Munique esconde sua beleza diante das outras cidades mais seguras de si na Alemanha. O que pouca gente sabe é que, por trás desse véu de timidez, encontra-se uma das cidades mais fascinantes para os turistas.

Capital da Baviera, Munique é uma cidade grande o suficiente para contar com uma excelente rede de transporte, mas não grande o suficiente para transformar seu trânsito em desastre. Há metrô, ônibus e trams por toda a parte, que lhe permitem se deslocar facilmente por toda a cidade. Quem gosta de andar de bicicleta ou a pé, não há melhor sítio: a cidade é totalmente plana e bem sinalizada, com espaço para pedestres e ciclistas. Já quem prefere andar de carro, as ruas são largas e sem buracos, um convite quase irresistível para você alugar um carro nativo (BMW) e passear pela cidade (aliás, alugar um carro pode ser uma boa alternativa para quem quiser escapar do táxi, já que ele fica a quase 1h de distância da cidade).

Por falar nisso, o aeroporto é um caso à parte. Não é o mais movimentado da Alemanha, mas certamente é o mais eficiente. Apenas para você ter uma idéia, o check-in no embarque é feito pessoalmente, dispensado o atendente da companhia aérea. Salvo a fila do raio-X, quase tudo é controlado automaticamente, o que torna a vida do turista muito mais fácil e menos sujeita a atrasos.

Apesar de ser uma cidade grande, Munique ainda guarda o charme daquelas cidades interioranas onde quase todo mundo se conhece. Há igrejas por todos os lados, onde os fiéis vão no domingo rezar missa (a despeito de a Alemanha ser um país majoritariamente protestante, a população local é quase inteiramente católica). Há lojas e mercearias de esquina, nas quais os locais fazem suas compras para a semana. Fora isso, as pessoas são extremamente simpáticas e não guardam o desdém presente em algumas capitais européias, já saturadas de turistas.

Ao mesmo tempo, Munique conserva grandes atrações que só encontram paralelo nas capitais de médio porte da Europa. Há um centro histórico, castelos, museus de arte antiga e moderna e um enorme parque municipal onde é possível encontrar de tudo um pouco. Pra quem gosta de esportes, a cidade é sede do Bayern de Munique (e de sua famosa Allianz Arena) e também foi sede dos Jogos Olímpicos de 1972. Não fosse isso o bastante, há ainda a comida bávara, um verdadeiro deleite para quem é chegado numa boa cerveja e numa comida baseada em enchidos – principalmente as famosas salsichas.

Bom, a conversa tá boa, mas vamos ao que interessa: um roteiro básico de três dias pela capital da Bavária.

Primeiro dia: um bom começo é rodar logo pelo roteiro obrigatório da cidade. Siga direto e reto do hotel à Cidade Velha (Alte Stadt). Lá você pode andar pela MarienPlatz, onde se encontra a magnífica Prefeitura (Neues Rathaus) da cidade. Todo santo dia, às 11h, 12h e 17h, um enorme carrilhão musical faz a festa dos turistas, com passagens importantes da história da Alemanha. De lá, siga para a Frauenkirche, a catedral da cidade, com suas exóticas torres gêmeas em formato de maçaneta. Nela, você pode visitar o túmulo de Ludwig, o último rei da Baviera. Para o almoço, a dica é o Weisses Bräuhaus. Cuidado só ao pedir os pratos, pois as quantidades são verdadeiramente boçais. Um prato individual dá fácil para duas pessoas. À tarde, siga para a Odeonplatz, uma das principais da cidade, próximo à Ópera de Munique. Depois, vá para a Karlsplatz, uma bela praça embaixo da qual há não só o metrô, mas um interessante mini shopping center para comprar lembrancinhas para a família. À noite, sugiro o jantar na Gesellenhaus, onde, além de comer o melhor da comida alemã, você pode aprender alguma coisa de bávaro, a língua local.

Odeonsplatz

Segundo dia: dia de andar mais, porque os lugares são mais afastados. A primeira parada é o Nymphenburgschloss, última residência dos reis da Baviera. Um magnífico castelo que, se não é Versalhes, tampouco é a nossa maltratada Quinta da Boa Vista. Além do castelo em si, há um belíssimo parque por onde é possível caminhar a pé ou de bicicleta. Pra quem gosta, há também um café para recarregar as energias. Tome um bem reforçado porque, depois de lá, você vai atravessar a cidade até o Englischer Garten, o parque urbano de Munique. Maior do que o Central Park em Nova Iorque, o Jardim Inglês é verdadeiramente um mundo. Você pode andar de pedalinho, correr, andar de bicicleta e, claro, tomar uma velha e boa cerveja. Pra quem gosta de joelho de porco, a dica é comê-lo tomando uma weissbier ao lado da Torre Chinesa, um dos cartões postais de lá. Depois do almoço, a dica é ir ao Olympiapark, o parque olímpico no qual se situam todos os equipamentos que foram utilizados nas Olimpíadas de Munique, como o Parque Aquático (hoje uma academia) e o Estádio Olímpico. Pra quem gosta, pode visitar o BMW Welt, ou Mundo BMW, onde se encontram, além de um museu sobre a história da própria BMW, diversos exemplares da montadora alemã para fazer babar os aficcionados por carro. À noite, a dica do jantar é a famosa Hofbräuhaus, perto da Cidade Velha. É a mais badalada e conhecida cervejaria da cidade.

Nymphenburgschloss

Terceiro dia: último dia é sempre mais corrido. De manhã, você tem duas opções: ou vai para Dachau, a 20m de trem, visitar um dos primeiros campos de concentração nazista, ou vai para o Deutsches Museum, um interessantíssimo museu sobre ciência e tecnologia, às margens do simpático rio Isar. À tarde, o circuito cultural impõe que você gaste todo o tempo entre a Alte Pinakothek e a Neue Pinakothek, dois dos principais museus da cidade. Na velha pinacoteca, você encontrará desde quadros de Post, Rubens e Van Dyck até Rafael, Ticiano e Botticelli, passando, claro, pelo melhor da pintura alemã. Na nova, você encontrará um excelente acervo, contendo, entre outros, Renoir, Sisley, Monet e Degas. Para terminar, volte à Cidade Velha e busque alguma cervejaria pequena, típica, para se despedir em alto estilo da cidade.

Deutsches Museum

Pois é. Três dias são realmente pouco para conhecer uma cidade assim, tão fascinante. Assim como a cerveja alemã, Munique deixa um gostinho de quero mais.

Mas, afinal, quem precisa tomar todas de uma vez, como se não houvesse amanhã? Poupe a saúde, o fígado e um pouco de dinheiro para voltar lá de novo. Acredite: você não vai perder a viagem.

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2 respostas para Cidades do mundo: Munique

  1. Mourão disse:

    Porca miséria meu caro Senador, você está excedendo. Em tom poético e com muito conhecimento, mas parece( ou será que já não o é) um exímio e culto guia turístico, destes feitos para um público que por certo não inclui alguns de nossos deslumbrados turistas, embevecidos com o óbvio e com as compras.

    • arthurmaximus disse:

      Hehehe, bondade sua, Comandante. De fato, um dos propósitos desta seção é fazer com que os turistas, ao visitarem as cidades do mundo, possam verdadeiramente experimentá-las, e não as “sugar”, como alguns infelizmente fazem, transformando as viagens de férias em visitas a outlets. Um abraço.

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