O grande cassino acionário

Tanta coisa acontecendo no mundo na semana passada, e este que vos escreve sem tempo para atualizar este espaço. Um dos temas sobre os quais eu gostaria de ter escrito era sobre mais uma rodada de pânico dos mercados na semana passada. Mas, agora, passada exatamente uma semana desde a última black monday, a constatação fica mais evidente: o mundo não se acabou.

Na última segunda-feira, depois de o Congresso Americano aprovar no último minuto da prorrogação o acordo que elevou o teto da dívida americana, parecia que o mundo estava se desfazendo: investidores em pânico, bolsas despencando, dólar subindo…enfim, o coquetel natural de momentos assim. A ressaca, no entanto, foi bem menor do que a prevista.

O pretexto pra que da semana passada foi o de que, mesmo com o aumento do teto da dívida americana, a economia americana vai mal. E vai continuar mal por um bom tempo. Do mesmo modo, assim estão a Europa e o Japão. Juntos, esses países respondem por mais de 3/4 do PIB mundial. Com o mundo em recessão, estaria justificada uma readequação do preço dos ativos mundiais. Por isso, a queda das bolsas.

Acredite nisso quem achar que “descobertas” assim demoram tanto a ocorrer. A questão, no fundo, é bem mais simples: o tal do “mercado” não passa um grande cassino.

Na verdade, houve mais uma vez a velha e boa manipulação da histeria. De tempos em tempos, é necessário fazer com que o preço das ações caia. O investidor, digamos, “bem informado”, vende suas ações antes da débacle do mercado. Depois, dissemina o horror e promove um verdadeiro efeito manada. Assustados, os pequenos investidores vêem suas economias de anos indo pelo ralo. O que fazem? Vendem a qualquer preço, com medo de ficar sem nada.

E aí, o que faz o “espertão bem informado”? Volta ao mercado, e compra a mesma ação que tinha por um preço menor, com a certeza de que no futuro ela subirá de valor.

Veja um pequeno exemplo:

O sujeito tem 10.000 ações da Petrobras. Elas valem, hoje, R$ 30,00. Portanto, o sujeito tem R$ 300.000,00. Vende todas andas do pânico.

Depois da semana psicótica, o valor da ação caiu a R$ 20,00. Queda de um terço do valor. O sujeito que vendeu na alta, portanto, “ganhou” – na verdade, deixou de perder – 33% do patrimônio.

Quando a ação chega a R$ 20,00, o que faz o bonitão? Volta ao mercado com os mesmos R$ 300.000,00 que tinha. Com esse dinheiro, ele agora compra 15.000 ações da mesma Petrobras.  Assim que o valor das ações voltar aos seus R$ 30,00 originais, o sujeito terá  R$ 450.000,00.

Sem empurrar um prego numa barra de sabão, seu patrimônio terá subido 50%.

Como escapar dessas manipulações do mercado?

Não é fácil, exige-se muito sangue frio, mas, no fundo, é simples: nade contra a corrente. Ou, em outras palavras, siga os conselhos de Warren Buffet: tenha coragem quando todos tiverem medo; tenha medo, quando todos tiverem coragem.

Não sabe quem é Warren Buffet?

Basta saber o seguinte: quem investiu US$ 1.000,00 em seu fundo de ações em 1970 tem hoje, aproximadamente, US$ 1,5 milhão na conta.

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