Muita gente gosta de repetir como mantra que as diferenças entre direita e esquerda resume-se ao fato de que, enquanto a direita prega a abstenção total do governo na economia, a esquerda prega justamente o oposto: intervenção maciça da Administração nas atividades econômicas.
Como todos os reducionismos, também esse é inexato. Pra pegar um exemplo próximo e bem recente:
O Brasil tem o acesso à Internet mais caro e mais lento do planeta. Paga-se uma baba por uma conexão vagabunda, que vive a cair. Isso pra não falar das operadoras que vendem gato (conexões de 1mb) por lebre (na realidade, a velocidade é de somente 100kb, 10% do contratado).
Todo o mercado de internet é dominado por empresas privadas. Com uma ou outra exceção, estabelece-se um “acordo de cavalheiros” em que as empresas dividem seus mercados de atuação, estabelecem um preço obsceno para seus produtos e o consumidor fica extremamente limitado em suas opções. “Quer mudar de empresa? Mude. Não tem outra mesmo” é a lógica de boa parte das provedoras de acesso à Net.
O que fez o governo? Diante desse verdadeiro oligopólio, decidiu introduzir um elemento estranho à patota. Um ator governamental. Valendo-se da rede da falecida Eletronet e da estrutura da moribunda Telebrás, vai criar uma empresa pública que proverá acesso decente à internet a preços módicos.
As atuais “concorrentes”, é claro, chiaram. Querem manter seu joguinho de cartas marcadas, sem a “intervenção do governo”, ao “melhor estilo ditadura comunista”. Fazem um teatrinho em defesa do “capitalismo” e da “livre iniciativa”, quando na verdade o que querem é o oposto disso: lucro fácil e sem concorrência.
Na verdade, o que o governo fez foi o exato oposto do que receita um governo dito de “esquerda”. Trata-se, na verdade, de uma típica medida liberal (“de direita”). Diante de uma atuação desconforme dos mercados, em que a concorrência cede passo a um jogo de interesses entre os atores privados, o governo vem e desmancha o castelo de cartas ao introduzir um fator de concorrência efetiva. Com a criação de uma empresa pública provedora de acesso à internet, as empresas agora vão ter que se coçar pra oferecer um acesso rápido a um custo bem mais baixo do que o atual.
Finalmente, a população estará diante de um capitalismo de verdade. Empresas brigando por espaço, derrubando preços e melhorando serviços, tudo pra conseguir mais consumidores em perder os que já têm. Tudo no melhor estilo da “direita liberal”, a mesma que virou sinônimo de palavrão no Brasil.
O governo quer oferecer conexão de ATÉ 1 mega com preços a partir de 35 reais. Acho ridículo em pleno ano de 2011 ser oferecida essa medieval velocidade de banda a um preço, ao meu ver, muito, muito caro. A intervenção do governo pode ser inócua. Portanto, meu caro Maximus, consulte os números antes de escrever sobre um tema.
Sieg Heil!
1 mb é o padrão de quase todas as operadoras de Internet, Herr Heydrich. E, de fato, R$ 35,00 deve ser caro para o vosso bolso sovina. Mas, pra quem está a pagar quase R$ 100,00, baixar pra R$ 35,00 não deixa de ser um ganho. Saudações carniceiras.
o discurso capitalista brasileiro de ausencia de governo no mercado pode ser traduzido: queremos sugar/escravizar o “fregues” sem fiscalização, reclamações e/ou concorrencias.
Concordo em gênero, número e grau. O capitalismo aqui deve ter sido comido pelos Tupinambás. Abraços.
e emsmo uma conexão de ate 1mega a R$ 35 pode ser muita coisa para quem não pode pagar mais que isso por conexão nenhuma e acaba usufruindo/dependendo de lan houses para se conectar. para a classe média anti pt tem a concorrencia da “livre iniciativa”.
Esse alemão foi mais inspirado. A viagem está lhe dificultando as sinapses. Em nome da crítica pela crítica defende a ineficiência associada à exploração. Não sabe avaliar as vantagens comparativas tendo o indìviduo como referencial ( fundamento capitalista) e não grupos de espertalhões.