Em tempos de obras pra Copa de 2014, talvez convenha recordar aquele que foi, por muitos anos, o maior estádio do mundo: o Anfiteatro de Flávio, popularmente conhecido por Coliseu.
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O Coliseu é um gigante. Tudo nele é superlativo. Mesmo hoje, visitá-lo impressiona a quem não o conhece. É difícil imaginar como tudo aquilo foi erguido sem nenhum maquinário moderno: sem guindastes, sem caminhões, sem gruas. Só no braço. Literalmente.
Na inauguração, o Coliseu comportava 50 mil pessoas em seu interior. Posteriormente, no governo de Alexandre III, foi ampliado, construindo-se um quarto andar. O estádio passou a abrigar 90 mil espectadores, quase o mesmo que o Maracanã de hoje.
Ok. Levou tempo pacas para terminá-lo. 20 anos, para ser preciso (de 70 d.C a 90 d.C). Mas mesmo assim não dá pra pensar em como os romanos foram capazes de construir algo tão grandioso.
O segredo da construção do Coliseu são na verdade dois.
Primeiro, os romanos haviam descoberto que, misturando-se um pouco de calcário, argila vulcânica e água, resultava uma pasta mole. Depois de seca, a pasta mole empredrava e era muito difícil de ser quebrada. Estamos falando do cimento, uma das mais magníficas descobertas daquele período.
Mas só cimento não era capaz de erguer o Coliseu. À medida que se constrói, o peso da construção força o que está embaixo. Portanto, para sustentar uma estrutura de vários andares, era necessário construir algo imensamente pesado e grande no andar de baixo, de modo a agüentar o peso dos andares superiores. Alguém, no entanto, descobriu que se a as estruturas de sustentação fossem feitas em forma de curva, o peso seria distribuído por igual entre os dois lados. Desse modo, se antes era necessário uma estrutura de tamanho X para sustentar outra em cima, construindo-se um arco cada coluna somente precisaria suportar a metade do peso, ou seja, X/2.

Não por acaso, todos os andares do Coliseu foram construídos dessa forma: arcos por cima de arcos. O cimento necessário, portanto, era menos do que se a construção fosse feita sem eles. A estrutura ficou mais leve e também mais elegante.
Depois da construção, o Coliseu tornou-se o grande palco do panis et circenses romano. Porém, o Coliseu não era só um estádio. Era, pra utilizar um termo da modernidade, uma verdadeira arena multiuso. Todos os grandes eventos criados para distrair a malta tinham ali lugar. Disputas de gladiadores, corridas de biga e – é claro – o grande clássico da antigüidade: Leões x Cristãos.
Além das “arquibancadas”, por baixo da construção havia uma enorme rede de dutos, corredores e alçapões a servir como estrutura de apoio do espetáculo da hora. Lá ficavam as jaulas com os animais, as celas com os gladiadores, além de todo o backstage que organizava o evento a ocorrer. Pode-se dizer, assim, que os romanos foram os inventores dos shows modernos, com toda a parafernália que os cerca.
Quem vai a Roma, tem de visitá-lo. Lá, gaste um minuto ou dois apenas para contemplar quase 2 mil anos de história. Garanto que não vai se arrepender.