Comprando e vendendo no mercado acionário

Economia anda em baixa aqui no Blog. Talvez porque seja um assunto que não desperta o interesse da maioria. Mas vamos ver se unir economia e dicas de investimento funciona.

A Bovespa tem feito uma campanha publicitária para trazer novos investidores para o mercado acionário. Tudo bem que usar o Pelé como garoto propaganda é um tanto batido e trivial, mas o que vale é a intenção.

A primeira pergunta que todo mundo faz é: investir em ações é seguro? E a segunda é: vale a pena?

A resposta a ambas é: depende.

Primeiro, depende de como você vai investir. Segundo, do quanto você quer investir. Terceiro e último, depende de com que objetivo você está investindo.

Por como você vai investir, entenda: de quais empresas você gostaria de ser sócio? Sim, porque ao comprar uma ação, você está comprando um pequeno pedaço daquela empresa. Por isso, se você não é familiarizado com os meandros do mercado acionário, prefira sempre comprar ações de empresas conhecidas, que nunca vão quebrar (como as estatais Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, etc.) ou que, de tão grandes, não podem quebrar – leia-se: o governo daria um jeito de salvá-las – (Bradesco, Itaú, CSN, etc.). Fazendo isso, você pelo menos garante que seu patrimônio não virará pó, o que acontece quando a empresa quebra.

Quanto investir é sempre um tormento. Por causa das tarifas de compra e venda, não convém investir menos de R$ 5.000,00 no mercado acionário. Do contrário, as taxas comerão boa parte do seu lucro quando você vender suas ações. Além disso – e essa é uma regra de ouro para o pequeno investidor – nunca, mas NUNCA MESMO, invista em ações um dinheiro que você planeja pra usar no curto ou no médio prazo. Por exemplo: você tem R$ 30.000,00 em cash pra comprar um carro novo daqui a seis meses. Mas quer investir pra ver se aumenta seu capital pra R$ 40.000,00 e compra um carro melhor. Esse é um exemplo do que NÃO se deve fazer. Convém também saber que vendas realizadas em um mês até o montante de R$ 20.000,00 são isentas de Imposto de Renda. Portanto, se você tiver R$ 50.000,00 em ações, não venda tudo de uma vez. Venda R$ 20.000,00 num mês, R$ 20.000,00 no seguinte, e R$ 10.000,00 no terceiro mês. Assim você escapa da mordida do Leão.

O mais importante, é claro, é saber qual é o seu objetivo ao investir em ações. Obviamente, o objetivo deve ser de longo prazo, pois, do contrário, você pode ter uma surpresa bastante desagradável se precisar vendê-las num momento em que o valor está em baixa. Se você quiser comprar um outro imóvel ou um outro carro no futuro, investir em ações pode ser uma boa alternativa. Dilua as suas compras no tempo e, desse modo, você evitará os riscos de concentrar as compras num momento de alta ou de baixa do mercado.

Pra investir em ações, o segredo é sangue frio. Eu sei, não é fácil ver seu patrimônio subitamente reduzido à metade. Mas lembre-se: você só terá prejuízo se vender as ações na baixa. Se continuar com elas na carteira, eventualmente elas voltarão a subir, e assim você recuperará o que investiu e certamente ganhará com isso.

Uma forma de jogar gelo no seu sangue é sempre guardar uma parte de seu dinheiro em renda fixa, pro caso de uma emergência. Tipo: se você tem R$ 50.000,00 guardados e ganha R$ 5.000,00 por mês, você pode investir R$ 20.000,00 em CDB e os outros R$ 30.000,00 em ações. Em caso de necessidade, você tem à disposição, de forma segura e sem sobressaltos, o equivalente a 4 meses de salário. O restante você esquece e só vende quando achar que é o momento.

Outra dica é diversificar os setores em que você investe. Siderurgia, Petróleo, Energia, Bancos, as opções são muitas. Se você é novato, não invista em empresas novas; prefira as maiores e já estabelecidas no mercado.

Um dica sempre válida é comprar ações de empresas que pagam bons dividendos. Nesse quesito, as campeãs são as empresas de energia, de telefonia, além das sempre bem cotadas Vale e Petrobras. Aliás, essa é a razão pela qual é preferível evitar os fundos de investimento em ações, porque nestes os dividendos, ao invés de irem pra você, vão pro administrador do fundo (no caso, os bancos).

Por fim, uma coisa aparentemente paradoxal: não seja muito ganancioso. Estabeleça um preço-alvo para sua ação. Ex: comprei uma ação da Petrobras a R$ 25,00. Quero vender quando chegar a R$ 50,00. Quando chegar a R$ 50,00, VENDA, não importa a tendência do mercado. Não caia na tentação de “Ah, mas vou esperar só mais um pouquinho pra ver se ganho mais um trocado”. É quase certo que você acabará quebrando a cara.

Pra investir, você precisa ir ao seu banco e fazer um cadastro. Com isso, você ganhará um número de investidor. Seu banco certamente tem um sistema de Home Broker, pelo qual você pode dar as ordens de compra e venda de ações. Peça pro gerente algumas lições básicas de como usar e pronto: você já é um investidor do mercado acionário.

Há ainda a opção de abrir uma conta numa corretora outra que não seja a de seu banco (ex: Wintrade, www.wintrade.com.br). Normalmente elas cobram menos para as operações de compra e venda. No entanto, você terá alguma dificuldade no recebimento de dividendos. Se utilizar a corretora do banco, os dividendos serão depositados diretamente na sua conta, sem burocracia.

O fato é que, depois do governo Fernando Henrique e seus juros reais de 50% a.a., as ações praticamente tornaram-se o único meio de fazer com que seu dinheiro se multiplique à razão geométrica. Quem comprou R$ 1.000,00 em ações da Vale no ano 2000, hoje tem aproximadamente R$ 16.500,00, muito, mas muito mais do que teria se tivesse investido em renda fixa (poupança, CDB, etc.)

Planejamento, sangue frio e paciência: tendo isso e um pouco de dinheiro sobrando, o céu é o limite para os seus investumentos.

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