Com esse Tsunami do Japão, muita gente ficou sem entender como um negócio acontece no meio do oceano e termina em destruição no continente.
Pra entender como isso pode acontecer, o primeiro passo é compreender que as ondas oceânicas são exatamente isso: ondas.
“Ohhhhhh…É, mesmo, é?!?”
Calma.
O que eu quis dizer foi o seguinte: as ondas oceânicas não são massas de água que saem de um canto e deslocam-se pelo mar até chegar à praia. Não é assim que funciona. As ondas são energia em movimento. A água é apenas o meio em que essa energia se propaga.
Um exemplo bem cotidiano ajudará a entender melhor: imagine um lençol que você tira da cama pra bater. Quando você “bate” o lençol pra tirar poeira, normalmente você segura em uma extremidade com as duas mãos e agita, pra cima e pra baixo. Com isso, todo o lençol, desde a ponta em que você segura até a outra extremidade “repete” o mesmo movimento. Obviamente, não houve qualquer deslocamento de massa, isto é, a ponta que você segura do lençol não “andou” até a outra ponta. O que aconteceu foi apenas uma transferência da energia que você produziu ao balançar o dito cujo pra cima e pra baixo que se deslocou por toda a área do lençol.
Com a água, acontece mais ou menos a mesma coisa. Tente imaginar o oceano como um grande lençol, liso e estático. Quando acontece um terremoto no meio do oceano, é como se a Terra pegasse esse lençol e o agitasse pra cima e pra baixo incessantemente. Por isso formam-se as Tsunamis. Só que a energia produzida por um terremoto é infinitamente maior do que seus bracinhos batendo poeira da roupa de cama.
Você pode estar estranhando agora, mas certamente você já deve ter lançado uma bola ao mar. Tente se lembrar do que aconteceu. Ela não sai do lugar (só se uma onda quebrar e trazê-la à praia). Na verdade, ela fica rodando sobre si, sem sair do canto, por mais que as ondas passem por baixo dela. Essa animação pode ajudar a entender o que se passa:
Por isso as ondas podem atravessar oceanos praticamente intactas; só param quando alcançam o meio em que se propagam acaba (o que acontece quando o mar chega na praia). Pra comprovar, encha uma bacia de água e jogue de cada lado dela, simultaneamente, uma pequena pedra. Você notará que as ondas provocadas por cada uma das pedras, ao se cruzarem, não se anulam (como ocorreria se as ondas fossem “massas de água em deslocamento”); elas seguem uma pela outra, como acontece normalmente nos movimentos ondulatórios.
E é exatamente essa a razão pela qual a destruição causada pelos Tsunamis é assim, tão devastadora. É como se a energia do terremoto “desembarcasse” no continente transportada em forma de água. A velocidade é enorme, e gigantesca a quantidade de água que vem nela. Daí o cataclismo geral.
Mas por que as ondas do mar não causam isso naturalmente, todos os dias?
Porque as ondas do mar, em geral, são causadas pelo vento. E a energia transportada pelo vento às ondas é muito, mas muito menor do que a causada por um terremoto.
Por isso, pode tomar banho de mar em paz. Nesta terra abençoada por Deus, estamos deitados em berço esplêndido sobre a placa sul-americana, protegidos de um lado pela pouca atividade sísmica dele com a placa africana e, do outro, pela Cordilheira dos Andes. Somente uma catástrofe bíblica (como a erupção e o soçobramento do vulcão em Las Palmas) poderia causar semelhante desastre por aqui.