Recordar é viver: “The Masters of the Universe”

Com a galera da Faria Lima se sentindo cada vez mais à vontade para chantagear o governo e, por tabela, sacanear o país, talvez seja uma boa hora para recordar um post dos primórdios deste espaço, quando se tratou da obra-prima de Tom Wolfe.

É o que você vai entender, lendo.

The Masters of the Universe

Publicado originalmente em 31.3.11

Não, não é o He-man. Os Senhores do Universo a quem se refere o título deste post são os engomadinhos yuppies de Wall Street, o centro financeiro dos Estados Unidos.

Nos anos 80, um novo estilo de vida imperava na América. Vencer a qualquer custo era o lema. Os meios, pouco importavam, mas pisar na cabeça de alguém pra subir na vida era o preferido. O objetivo? Juntar 1 milhão de dólares antes dos 30 anos.

Essa era a geração Yuppie. Seus representantes eram os operadores do mercado que pintavam e bordavam no cassino financeiro, fabricando e destruindo fortunas a partir do nada. Sem jamais empurrar um prego numa barra de sabão, os yuppies “se achavam”. Eram os caras.

Foi então que um jornalista da época, Tom Wolfe, resolveu dar-lhes o apelido de Senhores do Universo. Fê-lo de modo magistral. Escreveu aquele que seria a grande novela da literatura americana daquele tempo: A fogueira das vaidades (Bonfire of the vanities).

A fogueira das vaidades é o melhor retrato da sociedade americana dos anos 80. Se não de toda, pelo menos daquela parte que habitava a rua estreita entre a Ponte do Brooklyn e o Memorial dos Mortos no Vietnam.

O livro conta a ascenção e queda de Sherman McCoy, um típico Senhor do Universo. Casado com uma dondoquinha que gasta o tempo entre festas e coquetéis, Sherman, como não poderia deixar de ser, tem uma amante: Maria (não, não é a do BBB).

Um dia, ao pegá-la no aeroporto, erra o caminho de Manhattan e acaba indo parar no Bronx. Com medo de um assalto, acaba atropelando um dos assaltantes.Desse episódio e da união de um jornalista bêbado e fracassado (Peter Fallow, o narrador da história), um promotor de justiça ambicioso (Kramer) e um advogado inescrupuloso (Killian), resulta a desgraça de Sherman.

Em cada linha da novela, Tom Wolfe imprime seu tom sarcástico aos personagens. Nem mesmo a imprensa, da qual ele fazia parte, escapa às suas tiradas. Numa das passagens, Peter Fallow questiona-se acerca da ética jornalista. Como ele sabe que a história toda é uma grande farsa – e ele é o grande arquiteto dela – Fallow fica meio que numa crise de consciência. Mas ela é logo superada:

If you’re going to work in a whorehouse, there’s only one thing to be: the best whore in the house“.

(Se você vai trabalhar num prostíbulo, só há uma coisa a fazer: ser a melhor prostituta da casa).

A fogueira das vaidades lançou Tom Wolfe para o estrelato instantâneo. E nunca mais se voltou a escrever tão bem sobre a geração yuppie americana.

Tempos depois, a novela de Tom Wolfe foi transformada em filme. No elenco, Tom Hanks, Bruce Willis, Mellanie Griffith e Morgan Freeman. O filme foi um desastre (recebeu 5 indicações para o Framboesa de Ouro), talvez por ter alterado em demasia a história, para torná-la mais palatável ao público cinéfilo.

Apesar das alterações na história original, eu pessoalmente gosto do filme. Pra quem quiser ver para criticar depois, aí vai o trailer dele:

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