Na Faculdade e nas escolas em geral, há geralmente dois tipos de professores: os bons e os maus. Os primeiros dominam o conteúdo como ninguém, atraem o público e são populares no alunato. Já os segundos enrolam que é uma beleza, não cativam ninguém e só conseguem despertar ódio por onde passam. A estes últimos, por óbvio, compete o papel de carrascos ou “rasga-becas”, como se diz no ensino superior. O que pouca gente sabe é que, no meio desse embate épico entre esses dois tipos, às vezes surge uma terceira classe de professores: os “engraçadinhos”.
Geralmente medíocres, quase sempre desprovidos de qualquer carisma, os “engraçadinhos” querem posar de legais com a galera, mas essa máscara é sobretudo disfarce. Na hora da prova, costumam meter o fumo nos alunos. As reclamações são quase sempre ignoradas com comentários ríspidos, acompanhados por um sorrisinho irônico e um olhar do tipo “cuidado, se não vou te marcar!”.
Como os “engraçadinhos”, ao contrário dos bons professores, não nascem com o dom de perceber a hora em que devem fazer piada, acabam forçando a barra na primeira oportunidade que aparece. E, quando isso acontece, normalmente se dão mal.
Certa vez, o professor “engraçadinho” fazia a chamada na sala de aula. Entre os alunos, um sujeito cujo sobrenome destoa do comum: “Maximus”. Embora a admiração com o sobrenome sempre tivesse sobrepujado as brincadeiras a seu respeito, o então recém-lançado Gladiador tinha elevado seu antes incomum apelido à condição de pule de dez na boca do povo. As constantes referências à personagem de Russell Crowe já tinham dado no saco. Pra piorar, o cidadão nunca foi conhecido pela sua paciência. Ao contrário. A ascendência pernambucana sempre lhe dera um certo ar explosivo, como se estivesse à beira de uma ataque de fúria a cada vírgula.
“Fulano”, chamava o professor.
“Presente”, respondia um aluno.
“Cicrano”, seguia o engraçadinho.
“Presente”, respondeu outro aluno.
“Beltrano Maximus!”, exclamou o docente, acentuando o sobrenome da figura.
“Presente”, respondeu o aluno com certo ar de enfado.
“Você que é o… Gladiador?”, perguntou jocosamente o engraçadinho.
“Não, professor. O senhor está enganado. Na verdade, eu trabalhei no Cabaré da Aparecida, sua mãe”.
Metade da sala, incrédula, caiu no riso. A outra metade, igualmente estupefata, travou na cadeira, sem acreditar no que o aluno dissera. E o professor, amuado, nunca mais voltou a tocar no assunto.
Caso encerrado.