Faz tempo que uma das seções mais queridas e cultuadas deste espaço não dá o ar de sua graça. Para compensar a ausência, voltemos em alto estilo e um dos destinos mais cobiçados pelos turistas do mundo inteiro: Megy Budapeste!
Budapeste
Capital e maior cidade da Hungria, Budapeste é na verdade a junção de duas cidades – Buda e Peste – separadas por um rio – um tal de Danúbio. Há ainda uma terceira cidade próxima – Obuda – da qual ninguém ouve falar, até porque não há mesmo muita coisa pra ver por lá.
Por variadas razões, Budapeste desperta o desejo de viajantes de todas as idades: desde os mais jovens na flor da puberdade, até os idosos em curtição da terceira idade. Poucas cidades conseguem reunir em tão curto espaço geográfico atrações tão distintas entre si. Quer passear em museu? Há o belíssimo e surpreendente Museu de Belas Artes, com obras, por exemplo, de El Greco, Goya e Velásquez. Quer conhecer igrejas? Há a fantástica e monumental Basílica de Santo Estevão. Quer descansar e relaxar? Há inúmeros spas e piscinas termais, nas quais se pode usufruir as suas benesses terapêuticas.
Para quem é jovem e solteiro, Budapeste talvez represente o paraíso. As pessoas em geral são bonitas e a noite bomba como em poucos lugares. Em qual outro lugar do mundo você veria um ônibus-boate, com os vidros escurecidos e música eletrônica nas alturas, transitando pelas avenidas, recebendo gente de todo o tipo?
All right, bad news first: apesar de estar situada na Europa, a Hungria está longe daquilo que se espera de um “país de primeiro mundo”. Os transportes públicos não são nenhuma maravilha e as ruas são um pouco sujas e cheias de buraco, como na maioria das capitais brasileiras. Pra piorar, todos os prédios em geral parecem implorar por uma reforma. (Aliás, só quem conhece Budapeste pode entender o tamanho do mal que o comunismo faz a um país). Não há, claro, o nível de violência do Brasil, mas, ao contrário das cidades do circuito Elizabeth Arden, convém estar sempre atento e não sair em lugares escuros à noite.
Fora isso, por não fazer parte da Eurozona, você tem de buscar casas de câmbio para trocar seus dólares ou euros pelos estranhos florins húngaros. Você pode até tentar evitar a troca de moedas, mas a taxa de conversão que lhe oferecerão em lojas e restaurantes consegue ser ainda pior do que o das casas de câmbio. Se por um lado isso representa um inconveniente, por outra a fraqueza da moeda húngara permite-lhe vivenciar uma estada nababesca. Hotéis de luxo nos quais você jamais sonhou em se hospedar na vida saem pelo preço de um 2 estrelas na periferia de Paris.
Por falar em restaurantes, a culinária húngara é particularmente curiosa. Salvo a culinária baiana, não conheço outra que seja tão aficcionada a pimenta como ela. Pimenta, não; páprica. Ela é a base do famoso goulash, uma espécie de caldo de carne com um monte de coisa dentro. Além da comida apimentada, os húngaros adoram o vinho. E, por incrível que pareça, eles são realmente bons. O mesmo não se pode dizer de outras bebidas alcoólicas veneradas por lá, como a estranha Pálinka e o ignominioso Unicum, que desafiam a sanidade de qualquer turista desavisado.
A língua também é uma barreira. Quase todo mundo só fala o magyar, um negócio esquisito que não se assemelha a nenhuma outra língua que você conheça. Basta dizer que “Bom dia” lá é “Jó napot kívánok”. Mesmo os que falam inglês possuem um sotaque que torna difícil a comunicação em qualquer lugar. Por isso, convém arranhar alguma coisa de alemão, já que a Hungria e a Áustria formavam um só Império até o começo do século passado.
Falando nisso, as cicatrizes do Império Austro-Húngaro continuam à mostra, pra quem quiser ver. Mesmo passado quase um século de sua desintegração, ainda permanecem vivas as lembranças de um tempo em que os húngaros comiam o pão que os Habsburgos amassavam. Nem se preocupe em tocar na questão: eles sempre encontram uma forma de trazer à tona a questão para alfinetar os austríacos.
A conversa tá muito boa, mas vamos logo ao que interessa: um roteiro básico de três dias em Budapeste.
Primeiro dia: ao contrário de outras cidades, pegar o ônibus do sightseeing em Budapeste é uma boa opção. O trânsito não é tão ruim e o transporte público não cobre os principais pontos turísticos. Pegue um dos vários disponíveis e siga direto para Buda, conhecer o famoso Castelo Real. Se tiver tempo e saco, você pode dar uma visitinha na Galeria Nacional e na Biblioteca, que ficam por lá. Há ainda o Museu Histórico de Budapeste como opção. Saindo do passeio, escolha um dos vários restaurantes próximos para almoçar. Em seguida, rume a pé para a Igreja Mathias, com seu fantástico telhado pintado, e o Bastião dos Pescadores, de onde se vislumbra uma vista magnífica de Peste. De lá, pegue o ônibus de volta, atravesse a ponte e siga para o Parlamento, um dos cartões postais da cidade. À noite, vá para a Vadi Ucta, um rua pietonal cheia de lojas e restaurantes, pra procurar um bom lugar para jantar.
Segundo dia: agora é tomando o rumo contrário ao rio. Pegue o ônibus e vá para a Praça dos Heróis, um espaço cimentado com monumentos ao melhor estilo soviético, para celebrar a autonomia húngara em relação ao Império dos Habsburgos. À esquerda da praça, está o belíssimo Museu de Belas artes, com seu requintado acervo, que certamente surpreenderá o turista desavisado. Só ele tomará uma manhã inteira. Saindo do Museu, siga rumo norte em direção ao Castelo Vajdahunyad, onde há um belíssimo parque e alguns restaurantes por perto para se almoçar. À tarde, a dica é visitar a magnífica ópera da cidade (segundo eles, mais bonita do que a de Viena). Se quiser assistir a apresentações, no entanto, é recomendado comprar com antecedência pelo site, porque as entradas dos espetáculos mais concorridos se esgotam com meses de antecedência. Saindo de lá, o melhor a fazer é caminhar pela Avenida Andrassy, a “Champs-Elysées” de Budapeste, onde há várias lojas e restaurantes para jantar.
Terceiro dia: Você pode começar pelo bairro judeu e conhecer a Grande Sinagoga, um marco arquitetônico da cidade, por ser maior sinagoga da Europa. De lá, uma coisa que você não pode deixar de ver é a Basílica de Santo Estevão, que, apesar de não ser muito grande em tamanho, é imensa em altura e ricamente decorada por dentro. Depois do almoço na Vadi Ucta, uma idéia é seguir para o Mercado Central, comprar as quinquilharias que se vende por lá. Por fim, uma sugestão é ir à Casa do Terror, um museu que conta a história das vítimas do nazismo e do comunismo.
Com esses três dias e alguma sorte, você consegue cobrir boa parte da cidade de modo a dá-la por vista. Como Budapeste não é assim Londres ou Paris, um retorno dificilmente entrará na programação de suas próximas férias. A melhor coisa a fazer talvez seja colocá-la em um roteiro no qual se incluam Praga e Viena. Dessa forma, você consegue visitar toda essa parte mais oriental da Europa sem se desgastar muito em viagens.